quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Mensagem do Papa para o 97º Dia Mundial do Migrante e do Refugiado

Bento XVI divulgou a mensagem para o 97° Dia Mundial do Migrante e do Refugiado, que será celebrado no domingo, 16 de janeiro de 2011.

Segundo o Pontífice, o Dia Mundial do Migrante e do Refugiado oferece a oportunidade, a toda a Igreja, para refletir sobre o tema relacionado com o crescente fenômeno da migração, para rezar a fim de que os corações se abram ao acolhimento cristão e “trabalhem para que cresçam no mundo a justiça e a caridade, colunas para a construção de uma paz autêntica e duradoura”.

Leia abaixo a íntegra da mensagem do papa Bento XVI

Queridos Irmãos e Irmãs!

O Dia Mundial do Migrante e do Refugiado oferece a oportunidade, a toda a Igreja, para refletir sobre o tema relacionado com o crescente fenômeno da migração, para rezar a fim de que os corações se abram ao acolhimento cristão e trabalhem para que cresçam no mundo a justiça e a caridade, colunas para a construção de uma paz autêntica e duradoura. “Que vos ameis uns aos outros assim como Eu vos amei” (Jo 13, 34) é o convite que o Senhor nos dirige com vigor e nos renova constantemente: se o Pai nos chama para sermos filhos amados no seu Filho predileto, chama-nos também para nos reconhecermos a todos como irmãos em Cristo.

Deste vínculo profundo entre todos os seres humanos surge o tema que escolhi este ano para a nossa reflexão: “Uma só família humana”, uma só família de irmãos e irmãs em sociedades que se tornam cada vez mais multi-étnicas e intra-culturais, onde também as pessoas de várias religiões são estimuladas ao diálogo, para que se possa encontrar uma serena e frutuosa convivência no respeito das legítimas diferenças. O Concílio Vaticano II afirma que “os homens constituem todos uma só comunidade; todos têm a mesma origem, pois foi Deus quem fez habitar em toda a terra o inteiro gênero humano (cf. Act 17, 26); têm, além disso, o mesmo fim último, Deus, cuja providência, testemunho de bondade e desígnios de salvação se estendem a todos» (Decl. Nostra aetate,1). Assim, nós “não vivemos uns ao lado dos outros por acaso; estamos percorrendo todos um mesmo caminho como homens e por isso como irmãos e irmãs” (Mensagem para o Dia Mundial da Paz de 2008, 6).

O caminho é o mesmo, o da vida, mas as situações por que passamos neste percurso são diversas: muitos devem enfrentar a difícil experiência da migração, nas suas diversas expressões: internas ou internacionais, permanentes ou periódicas, econômicas ou políticas, voluntárias ou forçadas. Em vários casos a partida do próprio país é estimulada por diversas formas de perseguição, de modo que a fuga se torna necessária. Depois, o próprio fenômeno da globalização característico da nossa época, não é só um processo socioeconômico, mas comporta também «uma humanidade que se torna mais interrelacionada”, superando confins geográficos e culturais. A este propósito, a Igreja não cessa de recordar que o sentido profundo deste processo sazonal e o seu critério ético fundamental são dados precisamente pela unidade da família humana e pelo seu desenvolvimento no bem (cf. Bento XVI, Enc. Caritas in veritate, 42).

Portanto, todos pertencem a uma só família, migrantes e populações locais que os recebem, e todos têm o mesmo direito de usufruir dos bens da terra, cujo destino é universal, como ensina a doutrina social da Igreja. Aqui encontram fundamento a solidariedade e a partilha.

“Numa sociedade em vias de globalização, o bem comum e o empenho em seu favor não podem deixar de assumir as dimensões da família humana inteira, ou seja, da comunidade dos povos e das nações, para dar forma de unidade e paz à cidade do homem e torná-la em certa medida antecipação que prefigura a cidade de Deus sem barreiras.” (Bento XVI, Enc. Caritas in veritate,7). É esta a perspectiva com a qual olhar também para a realidade das migrações. De fato, como já fazia notar o Servo de Deus Paulo VI, “a falta de fraternidade entre os homens e entre os povos” é causa profunda de subdesenvolvimento (Enc. Populorum progressio, 66) e – podemos acrescentar – incide em grande medida sobre o fenômeno migratório. A fraternidade humana é a experiência, por vezes surpreendente, de uma relação que irmana, de uma ligação profunda com o próximo, diferente de mim, baseado no simples fato de sermos homens.

Assumida e vivida responsavelmente ela alimenta uma vida de comunhão e de partilha com todos, sobretudo com os migrantes; apoia a doação de si aos demais, ao seu bem, ao bem de todos, na comunidade política local, nacional e mundial.

O Venerável João Paulo II, por ocasião deste mesmo Dia celebrado em 2001, ressaltou que “(o bem comum universal) abrange toda a família dos povos, acima de todo o egoísmo nacionalista. É neste contexto que se considera o direito de emigrar. A Igreja reconhece-o a cada homem no duplo aspecto da possibilidade de sair do próprio País e a possibilidade de entrar num outro à procura de melhores condições de vida.” (Mensagem para o Dia Mundial das Migrações 2001,3; cf. João XXIII, Enc. Mater et Magistra,30: Paulo VI, Octogésima Adveniens,17). Ao mesmo tempo, os Estados têm o direito de regular os fluxos migratórios e de defender as próprias fronteiras, garantindo sempre o respeito devido à dignidade de cada pessoa humana.

Além disso, os imigrantes têm o dever de se integrarem no país que os recebe, respeitando as suas leis e a identidade nacional. “Procurar-se-á então conjugar o acolhimento devido a todo o ser humano, sobretudo no caso de pobres, com a avaliação das condições indispensáveis para uma vida decorosa e pacífica tanto dos habitantes originários como dos adventícios” (João Paulo II, Mensagem para o Dia Mundial da Paz de 2001, 13).

Neste contexto, a presença da Igreja, como povo de Deus a caminho na história no meio de todos os outros povos, é fonte de confiança e esperança. De fato, a Igreja é «em Cristo, é como que o sacramento, ou sinal, e o instrumento da íntima união com Deus e da unidade de todo o gênero humano» (Conc. Ec. Vat. II, Const. Dog. Lumen gentium,1); e, graças à ação do Espírito Santo nela, «o esforço por estabelecer a universal fraternidade não é vão» (Ibid, Const. Past. Gaudium et spes, 38). De modo particular é a Sagrada Eucaristia que constitui, no coração da Igreja, uma fonte inexaurível de comunhão para toda a humanidade. Graças a ela, o Povo de Deus abraça «todas as nações, tribos, povos e línguas» (Ap 7, 9) não com uma espécie de poder sagrado, mas com o serviço superior da caridade. Com efeito, a prática da caridade, sobretudo em relação aos mais pobres e débeis, é critério que prova a autenticidade das celebrações eucarísticas (cf. João Paulo II, Carta apost. Mane nobiscum Domine, 28).

À luz do tema “Uma só família humana”, deve ser considerada especificamente a situação dos refugiados e dos outros migrantes forçados, que são uma parte relevante do fenômeno migratório. Em relação a estas pessoas, que fogem de violências e de perseguições, a Comunidade internacional assumiu compromissos bem determinados. O respeito dos seus direitos, assim como das justas preocupações pela segurança e pela unidade social, favorecem uma convivência estável e harmoniosa.

Também no caso dos migrantes forçados a solidariedade alimenta-se na “reserva” de amor que nasce do considerar-se uma só família humana e, para os fieis católicos, membros do Corpo Místico de Cristo: somos de fato dependentes uns dos outros, todos responsáveis dos irmãos e das irmãs em humanidade e, para quem crê, na fé. Como já tive a ocasião de dizer, “Acolher os refugiados e dar-lhes hospitalidade é para todos um gesto obrigatório de solidariedade humana, para que eles não se sintam isolados por causa da intolerância e do desinteresse” (Audiência geral de 20 de Junho de 2007: Insegnamenti II, 1 [2007], 1158). Isto significa que todos os que são forçados a deixar as suas casas ou a sua terra serão ajudados a encontrar um lugar no qual viver em paz e em segurança, onde trabalhar e assumir os direitos e deveres existentes no país que os acolhe, contribuindo para o bem comum, sem esquecer a dimensão religiosa da vida.

Por fim, gostaria de dirigir um pensamento particular, sempre acompanhado da oração, aos estudantes estrangeiros e internacionais, que também são uma realidade em crescimento no âmbito do grande fenômeno migratório. Trata-se de uma categoria também socialmente relevante na perspectiva do seu regresso, como futuros dirigentes, aos países de origem. Eles constituem «pontes» culturais e econômicas entre estes países e os que os recebem, e tudo isto se orienta para formar «uma só família humana». É esta convicção que deve apoiar o compromisso a favor dos estudantes estrangeiros e acompanhar a atenção pelos seus problemas concretos, como as dificuldades econômicas ou o mal-estar de se sentirem sozinhos ao enfrentar um ambiente social e universitário muito diferente, assim como as dificuldades de inserção. A este propósito, aprazme recordar que “pertencer a uma comunidade universitária significa estar na encruzilhada das culturas que formaram o mundo moderno” (cf. João Paulo II, Aos Bispos dos Estados Unidos das Províncias eclesiásticas de Chicago, Indianápolis e Milwaukee em visita “ad limina”, 30 de Maio de 1998, 6: Insegnamenti XXI, 1 [1998], 1116). A cultura das novas gerações forma-se na escola e na universidade: depende em grande medida destas instituições a sua capacidade de olhar para a humanidade como para uma família chamada a estar unida na diversidade.

Queridos irmãos e irmãs, o mundo dos migrantes é vasto e diversificado. Conhece experiências maravilhosas e prometedoras, assim como, infelizmente, muitas outras dramáticas e indignas do homem e de sociedades que se consideram civis. Para a Igreja, esta realidade constitui um sinal eloquente do nosso tempo, que dá mais realce à vocação da humanidade de formar uma só família e, ao mesmo tempo, as dificuldades que, em vez de a unir, a dividem e dilaceram. Não percamos a esperança, e rezemos juntos a Deus, Pai de todos, para que nos ajude a ser, cada um em primeira pessoa, homens e mulheres capazes de estabelecer relações fraternas; e, a nível social, político e institucional, incrementem-se a compreensão e a estima recíproca entre os povos e as culturas. Com estes votos, invocando a intercessão de Maria Santíssima Stella Maris, envio de coração a todos a Bênção Apostólica, de modo especial aos migrantes e aos refugiados e a quantos trabalham neste importante âmbito.

Castel Gandolfo, 27 de Setembro de 2010
Papa Bento XVI

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Queridas/os Irmãs, Formandas, Leigos Missionários Scalabrinianos, Colaboradores e pessoas amigas!

Sorri-nos uma grande esperança.

Madre Assunta Marchetti



Neste momento da história, quando celebramos 115 anos de fundação da nossa Congregação, temos muitos motivos para agradecer a Trindade Santa e pedir que continue nos conduzindo pela luz do Espírito Santo e pela Palavra que nos convoca a reavivar o dom de Deus que está em nós, com os olhos fixos em Jesus (cf. 2Tm 1,6; Hb 12,1-4), com magnitude a Mística e a Profecia, a partir do carisma scalabriniano, sendo sinal de esperança e de paz no mundo da mobilidade humana.



Intensificamos nossa unidade com as irmãs, formandas, leigos missionários scalabrinianos, colaboradores e com as irmãs reunidas na Assembleia Geral, com preces de gratidão por todas as bênçãos derramadas sobre nós e os destinatários da missão scalabriniana.



É tempo oportuno para fazermos memória das irmãs que nos precederam e nos transmitiram a vivência das virtudes da fé, da esperança e da caridade. Lembramos, especialmente, de nossa co-fundadora Madre Assunta Marchetti e agradecemos pelo testemunho heróico das virtudes teologais, reconhecidas pela Igreja.



Por mediação de nosso fundador, o bem-aventurado João Batista Scalabrini, e dos co-fundadores, servos de Deus, Madre Assunta Marchetti e Pe. José Marchetti, pedimos ao Senhor nos revigore para acolher e servir nossos irmãos que peregrinam por este mundo em busca de mais vida.



Parabéns pelos 115 anos da Congregação!



Com carinho, nossa prece e unidade, irmãs do governo provincial



Ir. Elena Ferrarini, mscs – superiora provincial

Ir. Inêz Bernardi, mscs – primeira conselheira provincial

Ir. Eléia Scariot, mscs – conselheira e secretária provincial

Ir. Valdéres Bergozza, mscs – conselheira e ecônoma provincial

Ir. Celsa Zucco, mscs – conselheira provincial



Caxias do Sul, dia 25 de outubro de 2010.

CELEBRANDO O ANIVERSÁRIO DE FUNDAÇÃO DA CONGREGAÇÃO E O PATRONO SÃO CARLOS BORROMEO

Ir Zélia C. Ornaghi*
Em fins do século XIX, problemas políticos, sociais, econômicos tumultuaram a Europa, ocasionando grande movimento de expatriação de homens e mulheres cuja esperança de vida resumia-se em uma única solução: “emigrar ou roubar!” Lançar-se ao desconhecido, mas que lhes acenava com promessas de desenvolvimento humano e social foi a opção “forçada” para muitos milhares. Neste contexto, nasceu a Congregação, hoje, com 115 anos de vida e serviço.
O fundador, bem-aventurado João Batista Scalabrini, coração sensível ao sofrimento humano, porque pautado no Coração amoroso do Senhor Jesus, sentindo o apelo da realidade de abandono sócio-humano-religioso do seu povo e, fiel à iluminação do Alto, deu vida à inspiração divina de congregar homens e mulheres, dispostos a devotarem suas vidas em estar com os migrantes. Era seu pensar: “Para o desterrado, a pátria é a terra que lhe dá o pão. A “seus missionários” cabia-lhes a missão de zelar para “manter-lhes viva, no coração, a fé cristã e prover-lhes, quanto possível, o bem estar moral, civil e econômico”. Não mediu esforços para concretização de seu ideal.Temos, pois, em sua pessoa um modelo e uma ‘con-vocação’ para sermos “tudo para todos”.
A realidade migratória, atualmente, é mais complexa e se apresenta sob várias modalidades, sempre mais dificultosa, sofrida, repleta de incertezas. A sociedade neoliberal, diferenciada, competitiva, intolerante, xenófoba, excludente, agrava a situação de quantos, abandonando o solo pátrio, livre ou forçadamente, carregam apenas a esperança de um futuro venturoso, de algo melhor para a própria existência e a dos seus familiares. A Congregação das Irmãs Missionárias de São Carlos Borromeo – Scalabriniana -, dom do Espírito do Senhor à Igreja, integra um trabalho de conjunto na ação evangelizadora da Igreja no plano de Salvação de Deus, buscando manifestar, sempre melhor, o Cristo a todo o povo, especialmente, realizando sua missão entre os que migram, na vivência do Carisma próprio, graça do Espírito, legado por Scalabrini. Ao longo da história centenar as irmãs mscs, incrementaram o ser “migrante com os migrantes”, sendo, entre luzes e sombras, uma parábola do Reino, profecia, visibilidade do amor salvador de Deus Pai, em especial para quem sofria e sofre as mazelas do fenômeno da mobilidade.
Em nosso missionar, o Bem-aventurado Fundador quis que contássemos com a proteção incomparável do zeloso bispo pastor, modelo de virtudes, exemplo de amor a Deus e de dedicação gratuita e generosa no serviço apostólico: São Carlos Borromeo! Vivendo na radicalidade a sua opção fundamental de vida: “Deus amado com todo o coração. Deus servido devotamente, com generosa, total e abnegada entrega”, nosso Patrono nos é exemplo e estímulo na vida e missão. Ser irmã MSCS é deixar-se, ainda hoje, questionar: o que mais preciso assumir para ser mais fielmente Irmã carlista-scalabriniana, vivendo melhor o “ser toda para todos”?
Invoquemos sua proteção, renovemos nosso empenho missionário a exemplo e sob a proteção de São Carlos, nosso Santo Patrono. Votos de abençoada festa da Fundação da Congregação e de São Carlos Borromeo para todas e para todos.
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*O CSEM agradece a Ir Zélia C. Orniaghi, da PIC pela elaboração desta Mensagem por ocasião da Celebração do aniversário de Fundação da Congregação e pela festa de São Carlos.

A Congregação está em festa

A Congregação está em festa
Celebração dos 115 anos de Vida e Missão

Queridas Irmãs!
Como pessoas consagradas chamadas a ser discípulas missionárias, scalabrinianas, queremos celebrar a graça por mais um ano de vida da fundação da Congregação.
Vivamos este momento como um presente da parte do Senhor apropriando-nos da vocação e bendizendo ao Deus da vida que fez maravilhas através de cada Irmã, ao longo da história dos cento e quinze anos de sua fundação.
O bem-aventurado João Batista Scalabrini, Madre Assunta Marchetti e Padre José Marchetti foram os três pilares que sustentaram a Congregação, através da resposta decidida e confiante das missionárias, assumindo o chamado, na sua peculiar maneira de viver o Carisma na dinâmica do dom e do serviço.
A Congregação cresceu e apresentou bons frutos de vida e missão. Estamos felizes, porque esta árvore está sendo bem cultivada para o bem dos quais Igreja nos confia nas mais diversas partes do mundo.
Agradeçamos a Deus pelo dom da Vida Religiosa Consagrada e pelo Carisma Scalabriniano, reavivando a nossa fé, “porque Deus não nos deu um espírito de medo, mas um espírito de força, de amor e sabedoria” (2 Tm 1,7).

Maria Tonello – mscs
Secretária Provincial - PMMM

HAPPY 115th FOUNDING ANNIVERSARY to all of you!

Dear Sisters in Christ,

May God bless you and give you all the graces that you need on this special occasion. Keep up the good work that you are doing for the good of our congregation. May the spirit of Blessed Scalabrini ,Fr. Joseph Marchetti, Mother Assunta Marchetti and St. Charles give you the inspiration to continue your work on behalf of our Migrant brothers and sisters. May your presence and guidance bring them closer to God.

Parabens! Auguri! Felicidades!Mabuhay! Abhinadhanagal! Provisiat!

With our prayers,

Bishop Scalabrini Novitiate Community
Sr.Noemie,Marci,Martini,Twinkle,Grace.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Em defesa da juventude

Várias organizações

Adital -
O processo eleitoral nos desafia a refletir sobre que tipo de projeto de desenvolvimento se coloca para a sociedade brasileira, em especial para a juventude. A despeito dos largos passos dados nos últimos anos na construção da pluralidade religiosa e no combate à intolerância, temos assistido no Brasil um processo fundamentalista de criminalização da atividade política de quem, a partir da fé e do envolvimento comunitário, quer transformar a realidade. Ao mesmo tempo, este processo cria uma indevida utilização dos preceitos religiosos para o benefício de uma candidatura escondendo, por trás do discurso da moral, a posição política daqueles que querem de volta o conservadorismo e a lógica neoliberal para o centro do comando do executivo federal do país.

Assim como dezenas de intelectuais, agentes de pastoral, bispos, padres, religiosos e religiosas nós, jovens católicos abaixo-assinados, posicionamo-nos em defesa de um Brasil justo, livre e igualitário e combatemos o retrocesso conservador representado pela candidatura do tucano José Serra (PSDB). Sabemos a partir do que fez à frente do poder público como Prefeito de São Paulo, Governador e Ministro do governo FHC que, apesar da pele de cordeiro, o candidato tucano representa o retorno ao receituário neoliberal, ao achatamento do salário mínimo, às privatizações, ao tratamento truculento aos movimentos sociais e às grandes taxas e impostos, além de tratar a juventude e os demais temas sociais que nos atingem direta ou indiretamente como casos de polícia, e não como base para políticas públicas específicas. Em outras palavras, o desrespeito à vida, à dignidade humana e a paz!

Recordamo-nos das grandes lutas travadas pelos movimentos populares contra os desmandos da Era FHC e, por isso, temos clareza de que um eventual Governo José Serra significaria grandes prejuízos às políticas de juventude, com fechamento dos espaços de diálogo com as organizações juvenis, redução dos recursos para os programas sociais e fortalecimento das políticas repressivas, com a caracterização de políticas de extermínio da juventude, notadamente a juventude negra. Além disso, a proposta de redução da maioridade penal, criminalizadora da juventude, que ataca os efeitos e não as causas, ainda hoje vigente no Senado, amplamente combatida pelos movimentos de juventude, pelas igrejas, pela CNBB e pela própria Conferência Nacional de Juventude, parte dos aliados conservadores do PFL/DEM que estão como vice na chapa de Serra.

Ao contrário do que vivemos no governo FHC, assistimos no governo Lula a uma série de avanços no conjunto das políticas sociais e no diálogo com as organizações populares. Com forte colaboração da ministra Dilma Rousseff, a juventude brasileira participou de um importante processo de consolidação das políticas de juventude com a criação da Secretaria e do Conselho Nacional da Juventude, a realização da I Conferência Nacional de Políticas Juventude e recente aprovação da PEC da Juventude que assegura no texto da Constituição os/as jovens como sujeitos de direitos. Os próximos passos, que não podem ser ameaçados por um retrocesso, são a consolidação do Estatuto Nacional de Juventude e do Plano Nacional de Juventude.

A juventude católica abaixo-assinada saúda a candidata Dilma Rousseff pela sua posição clara em defesa da dignidade humana, em defesa da juventude e compreende que em seu governo assistirá a continuidade de políticas como o PROJOVEM, PROUNI e Praças da Juventude, ao contrário das práticas dos governos de Serra (como prefeito e governador de São Paulo), marcados pelo autoritarismo e pela repressão ao movimento social.

Não podemos nos calar diante da leviana utilização do discurso religioso como forma de ofender a candidata Dilma Rousseff. É evidente o respeito de Dilma aos valores cristãos, à unidade na diversidade, a dignidade da pessoa humana e a defesa da juventude. Acreditamos que a sua história se confunde com a luta pela democracia, pela liberdade religiosa e pela liberdade de imprensa. Não podemos acreditar na enxurrada de mentiras divulgadas diariamente com interesse de difamar a candidata.

Precisamos assumir com ousadia o nosso desafio militante e lançarmo-nos numa grande rede contra a mentira e defesa da juventude. Dilma concretiza, na presidência, a opção preferencial que vivemos enquanto comunidade católica na América Latina: a opção por todos e todas, especialmente por aqueles/as que mais precisam, os/as pobres e os/as jovens. Converse com seus colegas, amigos/as, vizinhos/as, colegas de trabalho e comunidade.

Acesse o site www.dilma13.com.br e veja a versão verdadeira das muitas mentiras divulgadas pela internet, enfim, vamos as urnas eleger Dilma 13 e continuar nas ruas em trincheira por um Brasil livre, soberano e democrático.

Sou católico, Sou Jovem, Sou Dilma!

No dia 31 de outubro vote 13!

Brasil, 18 de outubro de 2010.

Documento e lista de assinaturas

Mídia, religião e eleições. Entrevista com Magali do Nascimento Cunha

IHU - Unisinos *

Adital - A influência das mídias e das diferentes religiões no debate que cerca o segundo turno desta eleição presidencial tem sido o centro das análises sobre o possível resultado do pleito. Entender como a mídia e as religiões estão se posicionando é um dos objetivos da professora Magali do Nascimento Cunha na entrevista que concedeu, por e-mail, à IHU On-Line. "As igrejas se tornaram protagonistas na mídia em duas situações claras: o destaque dado à candidata Marina Silva, evangélica, que teria captado bom número de votos entre os evangélicos por conta desta condição; e a inserção de valores religiosos na discussão sobre descriminalização do aborto e concessão de direitos às pessoas homossexuais", opina.

Magali do Nascimento Cunha é graduada em Comunicação Social pela Universidade Federal Fluminense. É mestre em Memória Social pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro e doutora em Ciências da Comunicação pela Universidade de São Paulo. Atualmente, é professora na Universidade Metodista de São Paulo. É autora de A explosão gospel. Um olhar das ciências humanas sobre o cenário evangélico no Brasil (Rio de Janeiro: Mauad, 2007).

Confira a entrevista.

IHU On-Line - Como você descreve a relação entre as igrejas, a mídia e as eleições no atual cenário eleitoral?

Magali do Nascimento Cunha - As igrejas se tornaram protagonistas na mídia em duas situações claras: o destaque dado à candidata Marina Silva, evangélica, que teria captado bom número de votos entre os evangélicos por conta desta condição; e a inserção de valores religiosos na discussão sobre descriminalização do aborto e concessão de direitos às pessoas homossexuais - aqui católicos e evangélicos foram apresentados na grande mídia como protagonistas de uma "guerra" contra a candidata Dilma Rousseff. Este destaque às igrejas e líderes religiosos restringiu-se às posições tidas como mais conservadoras, pois não houve espaço de expressão para os setores católicos e evangélicos cujas posições são opostas às que eram expostas.

IHU On-Line - Qual tem sido o real papel das religiões nas eleições presidenciais deste ano?

Magali do Nascimento Cunha - Diante do protagonismo concedido pela grande mídia, o papel tem sido fundamentalmente o de reforçar as posições da política brasileira mais conservadora (a chamada "de direita") que tenta retomar espaços perdidos nos últimos oito anos.

IHU On-Line - Que reflexão você faz sobre o poder da mídia e da mídia alternativa em relação à questão eleitoral e à formação de opinião ou decisão de voto?

Magali do Nascimento Cunha - É um poder significativo, haja vista que temas como descriminalização do aborto e direitos homossexuais foram pautados pela repercussão da grande mídia com o reforço das mídias alternativas com circulação ampla de mensagens e de vídeos de campanha, no caso, contra a candidata Dilma Rousseff.

IHU On-Line - O moralismo religioso em relação ao aborto não pode ser considerado como prejudicial no cenário eleitoral em que uma questão como essa necessitaria ser discutida pela sociedade?

Magali do Nascimento Cunha - Sem dúvida. A discussão tem sido passional, desvestida de conteúdos que tratem com a densidade que o tema merece.

IHU On-Line - Qual foi a real importância do voto evangélico no primeiro turno e o que ele pode conseguir para o segundo turno?

Anthony Garotinho foi governador do Rio de Janeiro entre 1999 e 2002. Foi eleito, em 2010, como deputado federal, com 694.862 votos; a maior votação já registrada para o cargo.

Magali do Nascimento Cunha - O voto evangélico não foi decisivo. Eu não tenho pesquisa sistematizada sobre isto, mas conclusões a partir do acompanhamento que tenho feito do noticiário. O protagonismo foi pautado pela grande mídia que definitivamente apoia Serra. Se voltarmos às eleições de 2002, em que havia um candidato evangélico, Anthony Garotinho, vamos verificar que ele teve quase o mesmo percentual de votos de Marina. Se levarmos em conta que a juventude e a classe média em busca de alternativas, e uma parcela da intelectualidade frustrada com Lula e o PT, que nada têm a ver com os evangélicos, que votaram em Marina em 2010 mas não votaram no Garotinho em 2002, podemos até concluir que ele teve mais adesão religiosa naquele momento. Além do fato de a grande mídia ter "adotado" Marina, o que não aconteceu com Garotinho. De qualquer forma, assim como Garotinho, Marina teve uma votação expressiva, que não pode ser desconsiderada. Fato é que Marina Silva tem um passado de engajamento social e na esquerda, que nunca lhe rendeu apoio entre os evangélicos antes, em direção bastante diferente da trajetória de Serra.

IHU On-Line - O que significa, do ponto de vista social e cultural, que a política esteja tão presente no cenário religioso brasileiro?

Magali do Nascimento Cunha - Isto é um fenômeno bem recente. Desde o Congresso Constituinte de 1996 e a formação da primeira Bancada Evangélica e seus desdobramentos, a afirmação "crente não se mete em política" é algo sepultado. Na verdade, já não valia antes, pois omissão e indiferença já eram uma forma de fazer política. Entretanto, desde 1996, a política partidária transformou-se em pauta na vida de muitos "crentes" e igrejas evangélicas. O ano de 2010 tornou-se um ano emblemático: pela primeira vez uma candidatura evangélica à presidência foi apaixonadamente pronunciada e defendida. A assembleiana Marina Silva foi assumida e propagada, das mais distintas formas, como "a" candidata de grupos evangélicos contra mais um mandato para um governo petista, com base, fundamentalmente, em bandeiras relacionadas à moral sexual.

Evangélicos contra o PT e contra Luiz Inácio da Silva também não são novidade, desde o primeiro pleito para a presidência em 1989. A "demonização" da candidatura Lula já acontecia, com argumentos que expunham desde "Lula é comunista e ateu. Não podemos ter um presidente ateu" até "Se Lula ganhar vai mandar fechar as igrejas". Tais posturas reacionárias evangélicas, somadas à triste (para não dizer vergonhosa) atuação da Bancada Evangélica no Congresso Constituinte 1986-1989, levaram à criação, em 1990, do Movimento Evangélico Progressista. Em 1989 já havia sido criado o Comitê Evangélico Pró-Lula com o objetivo de mostrar que era possível ser evangélico e ser de esquerda. Portanto, esse fenômeno é bem novo e ainda vai trazer muita coisa para ser refletida.

IHU On-Line - Que mudança sinaliza o fato dos evangélicos terem se tornado atores políticos no Brasil?

Magali do Nascimento Cunha - O Congresso Constituinte de 1996 é uma virada de página nesta história muito em função de projetos de igrejas e lideranças religiosas interessadas numa midiatização da religião. As concessões de rádio e TV foram o grande objeto de barganha naquele momento e em momentos seguintes e que resultou em maior presença das igrejas na mídia.

IHU On-Line - Qual a importância da figura política de Marina Silva em relação à questão do verde e do aborto? Como entender a importância que estes temas tiveram neste pleito?

Magali do Nascimento Cunha - Marina nunca teve apoio como evangélica tal como teve nestas eleições. Todas as causas que ela sempre defendeu como mulher da floresta, integrante de partido de esquerda e envolvida com o movimento ecumênico nunca tiveram atenção e apoio das igrejas. À medida que Marina se candidatou a presidente, a máxima "evangélico vota em evangélico" falou mais forte, aliada ao fato de ser uma mulher contra outra mulher. A simpatia deu-se pelo simples fato de Marina ser evangélica e não pelas causas que ela defende.

IHU On-Line - Em que sentido a internet foi novidade no cenário eleitoral deste ano?

Magali do Nascimento Cunha - Ela já tinha tido um papel significativo nas eleições de 2006; vários estudos já demonstravam isto naquele momento.

IHU On-Line - Padre e pastor têm mais poder de influência para pedir ou para tirar votos?

Magali do Nascimento Cunha - Quando pensamos nos evangélicos, temos que levar em conta vários fatores pastorais: em primeiro lugar, o clericalismo que marca a realidade das igrejas e que tornam as pessoas comuns, o chamado "povo das igrejas" algo como "massa de manobra". Sobre isto me refiro ao fato de que muitos evangélicos votam em certos candidatos porque "o pastor mandou". Isto é realidade. Pastores são formadores de opinião e assumem este papel em boa parte das vezes não para orientar, mas para "ditar" mesmo a partir dos seus valores, dentro da lógica "ouvir o pastor é ouvir a voz de Deus". E não estou falando de pentecostais tão só, mas também das igrejas históricas, e nem só de pobres, como também da classe média. Matéria que o Wall Street Journal publicou tem um depoimento que reflete isto.

Nas igrejas históricas, isto tem acontecido bastante, ainda mais em tempos de força dos chamados movimentos celulares, em que a relação líder-discípulo é baseada no clericalismo e em autoritarismo. Fato é que boa parte destes líderes tem uma herança que está no DNA da formação evangélica no Brasil, que é o fechamento ao novo, à mudança, e a postura interesseira e corporativa, isto é, bom para o país é o que é bom para a religião. Daí a máxima "evangélico vota em evangélico", na certeza de que estes políticos vão defender causas próprias do segmento evangélico que raramente interferem na ordem social e se revertem em "praças da Bíblia", criação de feriados para concorrer com os católicos, benefícios para templos. Basta conferir os partidos aos quais estes evangélicos estão afiliados. Além disso, ainda tem o fator "demonização". Isto é forte na cultura evangélica. Daí o valor que é dado à chamada "boataria". O pessoal acredita em tudo isto porque quer acreditar e, nesse caso, o demônio faz a escolha, interessante, sempre pela esquerda. Isto é um fenômeno cultural relacionado ao imaginário religioso e político. Não foi à toa que a revista Veja publicou uma capa sobre o MST e o Stedile, cujo retrato era o próprio diabo. A mídia sabe mexer com este imaginário. É fato que desde os anos 1990, este quadro tem mudado com o surgimento de políticos evangélicos "de esquerda" e o Movimento Evangélico Progressista é parte desta história. Mas tem o DNA...

IHU On-Line - Como você avalia o fenômeno do pastor Silas Malafaia?

Magali do Nascimento Cunha - Silas Malafaia se enquadra no perfil que descrevi acima. Ele tem um discurso autoritário revestido de moderno, por conta do uso do humor, que tem um apelo forte entre evangélicos historicamente doutrinados para assimilar que o pastor tem que ter autoridade e falar forte e duro. Soma-se a isto o conteúdo apelativo da prosperidade que também tem um forte apelo. Ele tem um projeto pessoal nítido que resultou em seu desligamento da Assembleia de Deus - ele se fez muito maior do que ela. Portanto, suas afirmações são bastante coerentes com este quadro.

IHU On-Line - O que representa, do ponto de vista midiático e religioso, a presença de Serra e Dilma em Aparecida, na último dia 12 de outubro?

Magali do Nascimento Cunha - Esta é uma prática bastante comum entre os políticos. Já vimos este tipo de atitude antes em diferentes eventos religiosos. Certamente, não agrada aos evangélicos, mas acaba por ser assimilado como prática comum dos políticos. O que surpreendeu na última semana foi o candidato Serra produzir um folheto religioso, semelhante a um cartão de crédito, que, traz a frase "Jesus é a verdade e a justiça", seguida da assinatura dele. Esta ação parece ter ultrapassado os limites do bom senso do marketing político e deve levar a uma reflexão sobre o uso da religião como estratégia política.


* Instituto Humanitas Unisinos

Professores lançam manifesto em defesa da educação pública

Várias organizações

Adital -
Nomes como Antônio Cândido, Fábio Konder Comparato, Marilena Chauí, Emília Viotti da Costa, Maria Victoria Benevides, Alfredo Bosi e Carlos Nelson Coutinho estão entre os assinantes
Professores universitários, de faculdade públicas e particulares, lançaram um manifesto e ainda estão colhendo assinaturas contra as propostas e os métodos políticos do candidato a presidência da República José Serra. E defendem um sistema educacional que priorize o ensino superior público.

Leia abaixo a íntegra do manifesto:

Nós, professores universitários, consideramos um retrocesso as propostas e os métodos políticos da candidatura Serra. Seu histórico como governante preocupa todos que acreditam que os rumos do sistema educacional e a defesa de princípios democráticos são vitais ao futuro do país.


Sob seu governo, a Universidade de São Paulo foi invadida por policiais armados com metralhadoras, atirando bombas de gás lacrimogêneo. Em seu primeiro ato como governador, assinou decretos que revogavam a relativa autonomia financeira e administrativa das Universidades estaduais paulistas. Os salários dos professores da USP, Unicamp e Unesp vêm sendo sistematicamente achatados, mesmo com os recordes na arrecadação de impostos. Numa inversão da situação vigente nas últimas décadas, eles se encontram hoje em patamares menores que a remuneração dos docentes das Universidades federais.

Esse "choque de gestão" é ainda mais drástico no âmbito do ensino fundamental e médio, convergindo para uma política de sucateamento da Rede Pública. São Paulo foi o único Estado que não apresentou, desde 2007, crescimento no exame do Ideb, índice que avalia o aprendizado desses dois níveis educacionais.

Os salários da Rede Pública no Estado mais rico da federação são menores que os de Tocantins, Roraima, Rio de Janeiro, Mato Grosso, Espírito Santo, Acre, entre outros. Somada aos contratos precários e às condições aviltantes de trabalho, a baixa remuneração tende a expelir desse sistema educacional os professores qualificados e a desestimular quem decide se manter na Rede Pública. Diante das reivindicações por melhores condições de trabalho, Serra costuma afirmar que não passam de manifestação de interesses corporativos e sindicais, de "tró-ló-ló" de grupos políticos que querem desestabilizá-lo. Assim, além de evitar a discussão acerca do conteúdo das reivindicações, desqualifica movimentos organizados da sociedade civil, quando não os recebe com cassetetes.

Serra escolheu como Secretário da Educação Paulo Renato, ministro nos oito anos do governo FHC. Neste período, nenhuma Escola Técnica Federal foi construída e as existentes arruinaram-se. As universidades públicas federais foram sucateadas ao ponto em que faltou dinheiro até mesmo para pagar as contas de luz, como foi o caso na UFRJ. A proibição de novas contratações gerou um déficit de 7.000 professores. Em contrapartida, sua gestão incentivou a proliferação sem critérios de universidades privadas. Já na Secretaria da Educação de São Paulo, Paulo Renato transferiu, via terceirização, para grandes empresas educacionais privadas a organização dos currículos escolares, o fornecimento de material didático e a formação continuada de professores. O Brasil não pode correr o risco de ter seu sistema educacional dirigido por interesses econômicos privados.

No comando do governo federal, o PSDB inaugurou o cargo de "engavetador geral da república". Em São Paulo, nos últimos anos, barrou mais de setenta pedidos de CPIs, abafando casos notórios de corrupção que estão sendo julgados em tribunais internacionais. Sua campanha promove uma deseducação política ao imitar práticas da extrema direita norte-americana em que uma orquestração de boatos dissemina a difamação, manipulando dogmas religiosos. A celebração bonapartista de sua pessoa, em detrimento das forças políticas, só encontra paralelo na campanha de 1989, de Fernando Collor.

Antonio Candido, USP
Alfredo Bosi, USP
Fábio Konder Comparato, USP
Joel Birman, UFRJ
Carlos Nelson Coutinho, UFRJ
Otávio Velho, UFRJ
Marilena Chaui, USP
Walnice Nogueira Galvão, USP
Renato Ortiz, Unicamp
Laymert Garcia dos Santos, Unicamp
Dermeval Saviani, Unicamp
Laura de Mello e Souza, USP
Maria Odila L. da Silva Dias
Sergio Miceli, USP
Luiz Costa Lima, Uerj
Flora Sussekind, Unirio
João José Reis, UFBA
Ruy Fausto, USP
Franklin Leopoldo e Silva, USP
João Adolfo Hansen, USP
Eduardo Viveiros de Castro, UFRJ
Emilia Viotti da Costa, USP
Newton Bignotto, UFMG
Wander Melo Miranda, UFMG
Juarez Guimarães, UFMG
Heloisa Fernandes, USP
Maria Victoria de Mesquita Benevides, USP
Glauco Arbix, USP
Vera da Silva Telles, USP
Theotonio dos Santos, UFF
Ronaldo Vainfas, UFF
Gilberto Bercovici, USP
Benjamin Abdalla Jr., USP
Enio Candotti, UFRJ
Angela Leite Lopes, UFRJ
Sidney Chalhoub, Unicamp
Arley R. Moreno, Unicamp
Maria Ligia Coelho Prado,USP
Celso F. Favaretto, USP
José Castilho de Marques Neto, Unesp
Emir Sader, Uerj
Scarlett Marton, USP
José Sérgio F. de Carvalho, USP
José Arbex Jr., PUC-SP
Peter Pal Pelbart, PUC- SP
Viviana Bosi, USP
Irene Cardoso, USP
Wolfgang LeoMaar, UFSCar
João Quartim de Moraes, Unicamp
Léon Kossovitch, USP
Vladimir Safatle, USP
Leda Paulani, USP
Ildeu de Castro Moreira, UFRJ
José Ricardo Ramalho, UFRJ
Ivana Bentes, UFRJ
Cibele Saliba Rizek, USP
Afrânio Catani, USP
Sergio Cardoso, USP
Ricardo Musse, USP
Armando Boito, Unicamp
Enid Yatsuda Frederico, Unicamp
Andréia Galvão, Unicamp
Cynthia Sarti, Unifesp
Luiz Roncari, USP
Flavio Aguiar, USP
Iumna Simon, USP
Luis Fernandes, UFRJ
Marcos Dantas, UFRJ
Laura Tavares, UFRJ
Sérgio de Carvalho, USP
Marcos Silva, USPAlessandro Octaviani, USP
Ligia Chiappini, Universidade Livre de Berlim
Celso Frederico, USP
José Carlos Bruni, USP
José Jeremias de Oliveira Filho, USP
Sebastião Velasco e Cruz, Unicamp
Liliana Segnini, Unicamp
Maria Lygia Quartim de Moraes, Unicamp
Ladislau Dowbor, PUC-SP
Bernardo Ricupero, USP
Adriano Codato, UFPR
Lygia Pupatto, UEL-PR
Henrique Carneiro, USP
Adélia Bezerra de Meneses, Unicamp
Maria Lúcia Montes, USP
Francisco Rüdiger, UFRS
Luís Augusto Fischer, UFRGS
Lúcio Flávio Rodrigues de Almeida, PUC-SP
Gil Vicente Reis de Figueiredo, UFSCar
Carlos Ranulfo, UFMG
Paulo Benevides Soares, USP
André Carone, UFScar
Heloisa Buarque de Almeida, USP
Emiliano José, UFBA
Igor Fuser, Faculdade Cásper Líbero

[Carta Capital 19 de outubro de 2010].

Teologia da Libertação. Um discurso que dá razão à esperança. Entrevista especial com Olle Kristenson

IHU - Unisinos *

Adital - Enquanto houver pobres, uma teologia que parte da opção preferencial pelos pobres é válida e necessária em um continente como a América Latina". A análise é do teólogo sueco e luterano Olle Kristenson, em entrevista concedida por e-mail à IHU On-Line.

Sua tese de doutorado em Teologia teve como tema a Teologia da Libertação de Gustavo Gutiérrez. Em 2012, celebrar-se-ão os 40 anos do lançamento da importante obra teológica.


Kristenson explica que o fundamento da percepção da esperança de Gutiérrez "vem de sua convicção de que a vida é sagrada".

E continua: "Baseada na fé da ressurreição, surge sua convicção de que é a vida e não a morte que tem a última palavra na história. Isto foi o que lhe motivou como ‘pastor na sombra da violência’ dar razão à esperança em uma situação de violência e muita incerteza".

Olle Kristenson é doutor em Teologia pelo Departamento de Teologia da Uppsala University (Suíça). É teólogo e pastor da Igreja Luterana na Suécia. Sua tese de doutorado, intitulada Pastor in the Shadow of Violence. Gustavo Gutiérrez as a Public Pastoral in Peru in 1980 and 1990, foi publicada em 2009 pela Editora da Uppsala University.

Confira a entrevista.

IHU On-Line - Depois de 40 anos do livro de Gustavo Gutiérrez (Teologia da Libertação. Perspectivas), o que mudou na Igreja e na Teologia da Libertação? Quais foram os principais avanços e limites?

Olle Kristenson - Penso que seu principal avanço seja seu enfoque na opção preferencial pelos pobres. Com a aprovação em Puebla, em 1979, isso passou a ser parte da doutrina da Igreja universal e não somente da Igreja Católica. O limite é que a primeira geração de teólogos da libertação não é mais jovem e parece que é difícil encontrar espaço para novas gerações. Felizmente, há força em teólogos como Gutiérrez e Jon Sobrino.

IHU On-Line - Quais são as principais ideias que o senhor defende no livro Pastor in the Shadow of Violence. Gustavo Gutiérrez as a Public Pastoral in Peru in 1980 and 1990?

Olle Kristenson - Eu descrevo Gutiérrez como um pastor que se dirigiu ao público peruano através do jornal La República em momentos críticos do Peru contemporâneo e por isso o chamo "pastor da nação". O jornal se converteu em um púlpito figurativo para ele. Desde então, fez seu discurso pastoral para dar razão à esperança em uma situação muito difícil. Vejo este discurso teológico pastoral como uma síntese de três discursos que identifico em seus textos, os discursos políticos radical e liberal e o discurso teológico católico. Os dois discursos políticos lhe ajudam a desenhar o contexto onde o discurso radical analisa a situação injusta da sociedade peruana que aprofunda a pobreza. O discurso liberal fala de democracia, paz e direitos humanos, mas o discurso radical sempre condiciona o discurso liberal: sem justiça não haverá paz. O discurso teológico católico funciona como referência para a ação pastoral. Desta forma, os discursos correspondem aos diferentes níveis no modelo ver (os discursos políticos radical e liberal) - julgar (o discurso teológico católico) - agir.

IHU On-Line - Quais são as principais características da pregação de Gutiérrez?

Olle Kristenson - Seu discurso é, sobretudo, um discurso para dar razão à esperança. Este discurso se encontra tanto em seus artigos e ensaios teológicos em relação à conjuntura, como em suas reflexões teológicas e homilias em relação ao ano litúrgico. Utilizo quatro níveis em minha análise para mostrar que Gutiérrez guia, conforta, exorta e anima seus leitores e seus ouvintes.

IHU On-Line - Que relação pode ser estabelecida entre a teologia da libertação e os direitos humanos?

Olle Kristenson - Esta é uma pergunta interessante e importante. Respondo-a partindo de minha leitura de Gutiérrez. Esta foi a entrada para minha pesquisa sobre sua teologia. Ia entrar em sua teologia justamente através deste tema e a partir de sua leitura de Bartolomeu de Las Casas. Em minha interpretação, a grande obra de Gutiérrez sobre Las Casas, En Busca de los Pobres de Jesucristo (1992), é uma análise que tem um enfoque na teologia de Las Casas como uma teologia que parte do direito à vida e do direito à liberdade dos índios. O direito à vida dos índios é visto desde sua morte precoce e injusta; "os índios morrem antes do tempo", para parafrasear Las Casas. E o direito à liberdade é visto em relação a se converter livremente à fé cristã ou negá-la. "Se produz, então, em Las Casas, uma aproximação que dará lugar a um enfoque que poderíamos denominar metodológico." (GUTIÉRREZ, G. em En Busca de los Pobres de Jesucristo, p. 101-102). Para Gutiérrez, a perspectiva de Las Casas é válida em nossos tempos. Por isso, os direitos humanos podem ser somados justamente nestes dois direitos, o direito à vida e o direito à liberdade, com um enfoque na situação dos pobres. Lendo os textos de Gutiérrez, é evidente que não se podem negar estes dois direitos.

IHU On-Line - Qual é a atualidade da teologia da libertação na realidade latino-americana hoje?

Olle Kristenson - Eu diria, como Gutiérrez, que, enquanto houver pobres, uma teologia que parte da opção preferencial pelos pobres é válida e necessária em um continente como a América Latina.

IHU On-Line - Como entender a hermenêutica da esperança em Gutiérrez?

Olle Kristenson - Sem dúvida o tema da esperança é central nos textos que analiso e em toda sua reflexão teológica: "Dar razão da sua esperança é parte essencial do testemunho cristão. Nesse âmbito se situa a teologia; ela é sempre uma interpretação dos motivos que temos para esperar." (GUTIÉRREZ, G., em um texto de 2003). A um texto de 2001 ele dá o título Esperança e Vigilância que sublinha que a esperança não é somente algo que nos vem; é preciso também vigiar para que ela se concretize. Em última instância, o fundamento de sua percepção da esperança vem de sua convicção de que a vida é sagrada. Baseada na fé da ressurreição, surge sua convicção de que é a vida e não a morte que tem a última palavra na história. Isto foi o que lhe motivou como "pastor na sombra da violência" dar razão à esperança em uma situação de violência e muita incerteza.

IHU On-Line - Em 2012 acontece no Brasil o Congresso Continental de Teologia. O que seria importante discutir neste encontro?

Olle Kristenson - Quando eu soube deste congresso fiquei bastante feliz. Penso que é preciso retomar muitas ideias da Teologia da Libertação desde seu início, mas também se abrir aos novos desafios e aos novos temas. Parece-me necessário abrir um espaço onde as diferentes gerações de teólogos da libertação se encontrem e discutam. É preciso enfocar o tema dos pobres e analisar quais são "os rostos dos pobres" para retomar o que se disse em Puebla e Santo Domingo a respeito disso.

IHU On-Line - Em que direção o senhor vê que caminha a Igreja do século XXI, 50 anos depois do Concílio Vaticano II?

Olle Kristenson - Com preocupação, vejo que há grupos de tendências pré-conciliares que, todavia, têm influência. Mas também há grupos que continuam avançando em sua reflexão depois do Concílio. Por isso, me parece importante comemorar esses 50 anos com uma reflexão crítica. A forma como o episcopado latino-americano tem trabalhado o Concílio em suas conferências gerais em Medellín, Puebla, Santo Domingo e recentemente em Aparecida, com seus avanços e retrocessos, de todas as maneiras, é um sinal de que a Igreja latino-americana continua sendo relevante em seu contexto. Eu gostaria que se abrisse um pouco mais para as igrejas não católicas. Temos muitos desafios que podemos enfrentar melhor se caminharmos juntos como crentes.


* Instituto Humanitas Unisinos

Carta de apoio à candidatura de Dilma Rousseff

MMTR-NE *

Adital -
O Movimento da Mulher Trabalhadora Rural do Nordeste (MMTR-NE) vem lutando para construir relações justas e igualitárias entre mulheres e homens há quase 25 anos. Nessa história, foram trilhados vários caminhos na construção e consolidação do MMTR-NE, que atua nos nove estados do Nordeste (Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Pernambuco, Piauí, Paraíba, Rio Grande do Norte e Sergipe).
A luta pelo empoderamento das mulheres trabalhadoras rurais tem sido permanente. A partir do Governo Lula, essa luta foi aprofundada e ganhou mais visibilidade. Hoje, graças à mudança política trazida pelo Governo Lula, os espaços de discussão foram ampliados e também a participação das mulheres, além da criação e execução de políticas públicas de gênero e voltadas para o meio rural.

O Programa de Documentação, o fortalecimento de grupos e quintais produtivos, o acesso aos créditos, o Programa de Aquisição de Alimentos, o Programa Nacional de Alimentação Escolar, a obrigatoriedade da titularidade conjunta de terras e o Bolsa-Família são apenas alguns exemplos do desenvolvimento promovido pelo Presidente Luís Inácio Lula da Silva nos seus oito anos de mandato.

As políticas públicas e os programas sociais beneficiaram diretamente inúmeras mulheres trabalhadoras rurais e toda a população brasileira também recebeu os benefícios de uma competente e democrática gestão de governo. O MMTR-NE viu essa transformação social de perto. Hoje, muitas mulheres estão empoderadas e participam frequentemente de reuniões, discussões e encontros na capitais do país e até em nível internacional. Para muitas, foi a primeira vez que tiveram oportunidade de viajar de avião, sair de casa e ampliar seus conhecimentos.

Por tudo isso, o MMTR-NE vem publicamente manifestar seu apoio a candidata do PT, Dilma Roussef. Acreditamos que ela representa o modelo de governo de maior justiça e que melhor atende às necessidades do Brasil. Deixamos clara a nossa rejeição ao candidato José Serra, por acreditar que sua eleição resultaria num retrocesso do desenvolvimento que queremos. Ainda há muito a ser feito e a eleição de Dilma vai nos ajudar a seguir construindo uma sociedade que respeite a dignidade humana.

Saudações feministas rurais,


* Mulheres Organizadas Combatendo Mentalidades de Submissão. Movimento da Mulher Trabalhadora Rural do Nordeste

Mineiros em greve de fome pelo fim da exploração de ouro a céu aberto

Karol Assunção *

Adital -
Na Costa Rica, três ativistas da Frente Norte contra a Mineração e da Coordenadora Ni Una Sola Mina estão, desde o dia 8 deste mês, em greve de fome pela derrogação do decreto executivo n° 34-8001 do Ministério do Ambiente e da Energia (34-8001 Minaet).
Tal decreto, assinado em 2008 pelo então presidente Óscar Arias - quem declarou que o projeto é de "interesse social" -, concede à empresa canadense Infinito Gold a exploração da Mina Crucitas. Para as organizações, o projeto mineiro resultará em graves problemas ambientais por conta da contaminação.

"Dois aquíferos serão contaminados pelo cianeto que se utiliza para a extração do ouro e, ademais, se afetará a Bacia do rio San Juan, limítrofe entre Costa Rica e Nicarágua", destaca comunicado da Rede de Ação Ecologista, em solidariedade aos trabalhadores.


Além disso, a Rede destaca que pelo menos 200 hectares da mata tropical úmida, localizada no nordeste do país, serão sacrificados por conta da exploração mineira. "A concessão para a exploração da Mina Crucitas, localizada em San Carlos, foi dada à empresa canadense Infinito Gold por procedimentos considerados como irregulares, sobretudo no relativo à veracidade dos estudos de impacto ambiental e da superfície que será arrasada pelas atividades da mina", revela.

Também não são somente ambientalistas que são contrários ao projeto. Segundo o comunicado de Renace, "90% da população costarriquense se opõe à empresa mineira Indústrias Infinito".

Greve de Fome

Contrários ao projeto de exploração de ouro a céu aberto no país, 13 ativistas das organizações Frente Norte contra a Mineração e da Coordenadora Ni Una Sola Mina iniciaram, no último dia 8, uma greve de fome em frente à Casa Presidencial da Costa Rica. Por questões de saúde, alguns grevistas não puderam continuar, mas seguem apoiando o protesto e realizando mobilizações pela derrogação do decreto 34-8001 Minaet.

Os três ativistas que continuam em greve de fome - Rosibel Porras, Andrés Guillén e David Rojas - já afirmaram que permanecerão até que o Governo derrogue o decreto. "(...) se seguir vigente, representaria um gravíssimo precedente no que se refere à mudança do uso dos solos florestais em benefício de estreitos interesses privados e em prejuízo do meio ambiente, da biodiversidade, das comunidades e da grande maioria da população costarriquense", destacou um comunicado divulgado pelas duas organizações no domingo (17) passado.


* Jornalista da Adital

terça-feira, 19 de outubro de 2010

ONU denuncia aumento de violência contra mulheres

Dentro das discussões da Assembléia das Nações Unidas sobre os Avanços da Mulher, a Comissão sobre Eliminação de Discriminação contra Mulheres denunciou e condenou o aumento de casos de violência, principalmente sexual, contra a mulher em todo o mundo.


Uma das vice-presidentes da Comissão, Xiaoqaio Zhou, forneceu dados de que, pelo menos, uma em cada três mulheres já foi vítima de agressões físicas, forçada a manter relações sexuais ou sofreu alguma violação. Segundo ela, os agressores são geralmente parceiros ou membros da família.


Durante discurso à Assembléia, Zhou disse que muitas mulheres ainda são vítimas de leis e costumes discriminatórios.


De acordo com pesquisas de órgãos específicos das Nações Unidas, meninas e mulheres estão sendo vendidas como escravas sexuais em todo o mundo. Dois milhões de meninas - entre cinco e 15 anos - passam a fazer parte do chamado "mercado do sexo" todos os anos.


Fonte: Rádio Vaticano

MISSÃO VOCACIOANAL SCALABRINIANA

Motivados pelo tema “Discípulos Missionários de Jesus Peregrino” e pelo lema “Eu era migrante e você me acolheu” (Mt, 25, 35), um grupo de 35 Missionários e Missionárias das Congregações dos Missionários de São Carlos - Scalabrinianos e das Missionárias de São Carlos – Scalabrinianas, realizaram em Guapé, sul de Minas Gerais, a VI Missão Vocacional Scalabriniana.
Esta missão teve inicio no dia 4 de outubro com a Festa de São Francisco de Assis, padroeiro da paróquia e cidade de Guapé. Durante os dias que se seguiram a Missão foi sendo realizada em seis frentes ou setores abrangendo todo o território da Paróquia.
Ao longo da Missão foram visitadas as famílias, realizados encontros de formação com as lideranças, atividades nas escolas, encontros com jovens, encontros com catequizandos, celebrações eucarísticas nas comunidades, programas de rádio, atendimento a confissões, orientação espiritual, entre outras atividades.
Os objetivos da Missão que se repete a cada ano no mês de outubro são os de tornar o carisma scalabriniano conhecido, levar ao povo cristão a mensagem da certeza de que o Cristo Peregrino caminha com seu povo e, animar as vocações ao serviço da Igreja na perspectiva do carisma e da missão Scalabriniana.
A conclusão da Missão coincidiu com a celebração da Padroeira do Brasil, Nossa Senhora Aparecida, dia 12 de outubro. Nesta celebração houve uma concentração dos fiéis para uma caminhada mariana e a celebração eucarística no templo paroquial, que ficou completamente lotado.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Migração no mundo

Dois em cada três brasileiros que vivem fora do Brasil estão em situação irregular.
O Itamaraty diz que busca formas de apoiar emigrantes. Os melhores resultados são obtidos no Mercosul. É como se toda a população de Salvador fosse para o aeroporto e deixasse o País. Levantamento feito pelo Ministério das Relações Exteriores mostra que hoje 3.030.993 brasileiros (1,57% da população) migraram para todos os continentes do planeta. E dois em cada três brasileiros no exterior estão irregulares - ou seja, não contam com nenhum apoio jurídico ou médico.

A situação já causa preocupação ao governo, conforme o embaixador Eduardo Gradilone, subsecretário-geral das Comunidades Brasileiras no Exterior do Itamaraty. "Nós atuamos para protegê-los e para regularizar a situação o máximo possível." Os maiores avanços até agora foram conseguidos com o Paraguai. O Acordo de Residência do Mercosul, vigente desde 2009 para Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, permitiu que 5.590 dos 300 mil brasileiros que vivem em terras paraguaias se regularizassem. O Ministério das Relações Exteriores prevê que até o fim deste ano 10 mil brasileiros já estejam documentados no país vizinho e protegidos pelas leis de imigração. Os brasileiros que emigraram para o Paraguai, a partir de 1970, representam 10% dos pouco mais de 3 milhões que vivem no exterior. É o maior contingente em toda a América do Sul, na qual há, segundo dados do Itamaraty, 513.800 cidadãos. Os brasileiros pularam para o lado paraguaio atrás das terras férteis, que ficavam mais próximas dos Estados do Sul, onde na época havia um grande êxodo, tanto rumo ao Paraguai, em ações ilegais, quanto rumo à fronteira 17 agrícola do Cerrado e da Amazônia, com incentivos oferecidos pelo governo militar.

Havia, na época, interesse em povoar essas regiões ao norte e a oeste e ganhava a posse da terra quem derrubasse 50% da floresta da propriedade, porcentual que hoje foi reduzido para 20%. Do lado de lá também há um movimento rumo ao Brasil. A Lei da
Anistia para os imigrantes sem documentos permitiu que desde o ano passado o Brasil
regularizasse 4.135 cidadãos paraguaios. Ao contrário dos brasileiros, que foram atrás de terras boas para o plantio, os paraguaios vieram para o Brasil em busca de emprego urbano.
Fonte: O Estado de S. Paulo, 26/09/2010

Políticas Migratórias no Peru

No dia 21 de setembro, foi realizado em Lima, no Peru, um taller para discutir o trabalho escrito por Aída Garcia (CEDAL) que reúne informações a respeito das políticas migratórias naquele país. Esse trabalho faz parte de uma iniciativa maior, promovida pela Rede Espacio Sin Fronteras e pelo Instituto de Relações Internacionais da Universidade de São Paulo (IRI-USP). O objetivo final do trabalho, em sua primeira fase, é realizar uma publicação conjunta e comparativa sobre as políticas adotadas e executadas por todos os países da América do Sul, em matéria de migrações. Para tanto, são colhidas informações não somente sobre as previsões legais, mas, sobretudo a respeito das práticas dos órgãos governamentais que atuam neste tema. Na ocasião, estiveram presentes Camila Baraldi (IRI-USP) e representantes de outras organizações sociais peruanas que, de diversas formas e sob diversas perspectivas, trabalham com migrantes, os quais teceram os seus comentários a respeito do trabalho realizado, enriquecendo-o e legitimando-o. Os resultados da pesquisa realizada em todos os países serão apresentados no Fórum Social Mundial das Migrações, em Quito – Equador, entre os dias 8 e 12 de outubro de 2010.
Camila IRI/USP – Extensão universitária: educar para o mundo.
Migração no Brasil

IX Encontro Migratório Sem Fronteiras

Com a participação de aproximadamente 90 pessoas do Brasil e do Paraguai, realizou-se, no dia 10 de setembro, o IX Encontro Migratório Sem Fronteiras, aprofundando e debatendo dois temas: "Migração e Doutrina Social da Igreja" e a "Legislação do MERCOSUL: Acordo de livre residência para os nacionais dos países do Mercosul (Uruguai, Argentina, Brasil e Paraguai) e associados (Bolívia e Chile)”. Assessoraram as atividades e contribuíram para a reflexão com exposições e palestras sobre os diferentes temas, o Pe. Alfredo José Gonçalves e a Irmã Rosita Milesi, do Setor Pastoral da Mobilidade Humana da CNBB. A regularização da residência, que aflige tantos migrantes na região, pode ser solucionada em base ao referido Acordo, que entrou em vigor em 2009. Esta possibilidade está movimentando as entidades no sentido de orientar as pessoas a buscar a documentação necessária e encaminhar, nos diversos países, os pedidos de regularização migratória. Os participantes expressaram sua preocupação com a situação dos migrantes brasileiros no Paraguai ou mesmo em 15 processo de retorno ao Brasil que, acampados à margem da Rodovia BR 163, ainda esperam por soluções e pela sensibilidade dos governos. Um ponto também abordado no IX Encontro foi o Tráfico de Pessoas. A partir das reflexões, os participantes elaboraram uma carta e enviaram à Presidência da CNBB, pedindo que a Campanha da Fraternidade de 2013 seja sobre o tema. Ficou definido ainda que o X Encontro Migratório Sem Fronteiras será em Ciudad Del Leste, Paraguai, seguindo a convenção de ser realizado alternadamente entre Brasil e Paraguai.
Ir. Ana Maria Delazeri-Diocese de Dourados-MS

Confraternização reúne migrantes de Guajeru em São Paulo

Com a presença de cerca de cem pessoas, aconteceu no dia 19 de setembro, na Igreja Nossa Senhora da Paz, Glicério, o 5º Encontro dos Migrantes de Guajeru, Bahia, que vivem em São Paulo. A acolhida com café da manhã facilitava o bate-papo entre parentes e amigos que, em São Paulo, somam cerca de 50% da população de Guajeru, ou seja, cerca de 8 mil pessoas. A missa, presidida pelo padre Mário Geremia, trouxe lembranças da terrinha e a necessidade de aprofundar, na cidade, a consciência crítica e o resgate de nossas origens. Tomando a palavra, Raimundo, um dos organizadores do encontro, afirmou que “o sistema quer nos fazer cegos, surdos e mudos”. Por isso temos que acordar para a solidariedade e abrir os olhos para a discussão política do migrante na cidade. No almoço, feijão tropeiro, galinha caipira, com o tempero típico da região de origem. As pessoas reencontraram amigos, tiraram fotos e participaram do tradicional forró.
Roberval Freire
Secretaria Nacional do SPM

Distantes de seu chão, migrantes celebram em Romaria

No dia 12 de setembro, grupos de migrantes que residem nas cidades de Guariba, Pradópolis, Santa Adélia, Dobrada e Santa Ernestina partiram em romaria ao Santuário Nossa Senhora da Conceição de Montesina, localizado em Aparecida de Monte Alto-SP. "Com Maria, caminhamos na estrada de Jesus", foi o lema deste ano. Essa peregrinação, que acontece há quatro anos, vem confirmando cada vez mais a importância do cultivo da fé e de renovação espiritual para aqueles que se encontram distantes de seus familiares e da terra natal. A importância da romaria foi expressa por vários migrantes: "Participar desta romaria foi como abrir uma janela e ver um pedacinho do céu aqui na terra"; "Com a vida sofrida que levamos no corte de cana, somos muito necessitados da ajuda de Deus, é por isso que aqui viemos"; "De tudo o que a gente pede a Deus, ele sempre dá um tanto a mais, é sempre bom agradecê-lo" Esses foram alguns depoimentos dos participantes.
Equipe de Guariba-SP

Juventude inserida na missão

O Encontro das Novas Comunidades da Região Sudeste aconteceu em Niteroi-RJ, entre os dias 10 a 12 de setembro. O tema abordado foi: “Vejam como eles se amam”. Participaram mais de 500 pessoas, representando 60 “comunidades de vida e de aliança” dos estados da região sudeste, da Bahia e da Paraíba. Representando o Serviço Pastoral dos Migrantes e a Fraternidade Missionária Emaús, apresentei a experiência de trabalho e o “carisma” da Fraternidade, destacando o tema migração e a atuação da Pastoral dos Migrantes no contexto de experiências junto a jovens e comunidades da periferia de São Paulo. A Fraternidade Emaús nasceu nas comunidades da periferia de São Paulo, com adesão de rapazes e moças que atuam profeticamente em meio às dificuldade do povo, em sua maioria de origem migrante. O Encontro foi recompensador devido ao conhecimento dessa nova modalidade e estilo de vida na Igreja e pelo intercâmbio com pessoas de diversas entidades e linhas de pastoral.
Pe. Valdiran
Da equipe do SPM

Migrantes são sinais de uma Igreja viva

O Trigésimo Encontro Missionário do Regional Sul I da CNBB aconteceu em Presidente Prudente, interior de São Paulo, de 26 a 29 de agosto, com o tema: “Chamados e enviados”, e como lema: “Missão Ad Gentes”. Numa das reflexões, foi abordado o tema “missão e migração”. Representei o Serviço Pastoral dos Migrantes, na assessoria do encontro, e ressaltei que na história do cristianismo, missão e migração são inseparáveis, já que os migrantes são peregrinos ao levarem sua fé e sua religiosidade onde vão. Nesse sentido, também os missionários são migrantes, pois deixam sua terra, origens e partem ao encontro de povos, culturas e realidades diferentes. Partem para levar a mensagem de fé, de vida e de esperança a todos os povos. O encontro teve a participação de 150 pessoas provenientes de 43 dioceses. O entrosamento e a troca de experiências foram enriquecedores para todos. Migração é um dos temas de reflexão da Campanha Missionária de 2010.
Pe. Valdiran dos Santos
Da equipe do SPM

Pastoral renova compromisso com a causa dos migrantes em Porto Velho

Realizou-se no dia 29 de agosto, o retiro de formação dos leigos Scalabrinianos e agentes da Pastoral dos migrantes, na Igreja Matriz da Paróquia Nossa Senhora das Graças, Porto Velho-RO. O retiro iniciou-se com a celebração eucarística do período matutino, às oito horas da manhã. Após a missa, foi partilhado o café da manhã entre os leigos e os agentes de pastoral que participaram da formação. O encontro foi assessorado pelo Bispo Emérito da Diocese de Ji-Paraná, Dom Antônio Possamai. Dom Antônio iniciou sua exposição falando do mês vocacional, assim como das diversas vocações. Falou da importância da catequese e da formação que é oferecida aos cristãos, pois é através dela que surgirão pessoas comprometidas com a vida, com a justiça, com a sociedade e com a causa do migrante. Explanou, ainda, sobre as várias formas de migração, a questão da migração livre, que é realizada por opção, e a migração forçada, que é realizada por diversos fatores, entre eles, principalmente pela questão econômica, que é o principal fator de elevação dos índices de migração em todo o mundo. Um dos pontos fortes do encontro foi o debate a respeito do compromisso dos candidatos à eleição com a causa do migrante. Discussões sobre a existência de candidatos comprometidos com essa causa, projetos e ainda, se é dever dos candidatos se preocupar com os migrantes. Entre exposições e atividades de grupo, o assessor do retiro levou aos participantes do encontro fortes reflexões que vão ao encontro da causa pela qual estão engajados. Foi perceptível tudo isso no último momento, quando foi exposta a questão da mística, que ficou sintetizada como abraçar uma causa, ou seja, o místico é aquele que acredita numa causa, instituição ou pessoa. Ressaltou que a nossa mística está na pessoa de Jesus Cristo. E é dever do cristão místico centrar tudo em Cristo, recomeçar e construir sobre a rocha. O assessor encerrou sua fala deixando para a reflexão dos agentes de pastoral e aos leigos scalabrinianos se o compromisso dessas pessoas está parecido com o compromisso de Cristo. Se os membros do SPM em Porto Velho têm descido e subido como Cristo tanto para sentir o sofrimento dos migrantes quanto para buscar animação e perseverança para estar lutando pela causa do migrante. Após o encerramento, houve uma oração final e lanche.
Ir. Maria Ozânia da Silva, Sales Melo Nogueira – Porto Velho-RO

V Mutirão pela Amazônia

A arquidiocese de Manaus realizou a 1ª Mostra das Pastorais Sociais, juntamente ao V Mutirão pela Amazônia. A iniciativa tem por fim agregar as lutas sociais em defesa da vida, a diversidade cultural e a conservação da nossa Amazônia como patrimônio do povo brasileiro. Para participar dos debates, foram convidados vários especialistas, com propósito de orientar e definir novas estratégias em defesa desse patrimônio. O V Mutirão pela Amazônia foi realizado no dia 24 de setembro, no Centro Pastoral da Matriz de Nossa Senhora da Conceição e encerrou-se no dia 25, discutindo e analisando a luta em defesa do magnífico Encontro das Águas e as estratégias de resistência contra a construção do Porto da Vale (Laje). Na oportunidade, os moradores da Colônia Antonio Aleixo, integrantes do Movimento S.O.S, participaram efetivamente do V Mutirão, atendendo a imprensa e explicando as razões que justificam o posicionamento contrário à implantação desse modelo predador que há muito se multiplica na Amazônia em nome do desenvolvimento. A Assembléia do V Mutirão pela Amazonas contou com a participação dos agentes de pastorais e lideranças sociais, discutindo e refletindo sobre o desenvolvimento sustentável. Ressaltou-se que as medidas governamentais, além de ferir a soberania popular, contrariam também a sustentabilidade das comunidades tradicionais, favorecendo os poderes dominantes. O encerramento aconteceu com a celebração de uma missa Amazônica no altar da Catedral Metropolitana de Manaus, celebrando a vida e o fortalecimento do Movimento e das Organizações Sociais.
Ir. Rosa Maria Zanchin e Ir.Osani Benedita da Silva – Manaus-AM

Seminário sobre Migrações na Diocese de Campo Grande-MS

16 de agosto, foi realizado o Seminário “Migrações, Economia e Direitos”, no Instituto Teológico João Paulo Segundo (ITEO). O evento contou com a participação de lideranças, entidades, movimentos, órgãos públicos, estudantes, professores, grupos, assistentes sociais. O Serviço Pastoral dos Migrantes participou das atividades, chamando a atenção para a realidade dos que vão e vem, dos que partem e chegam. Durante o seminário, houve uma apresentação cultural, ocorreram debates, socialização de experiências, vídeos. Dom Redovino Rizardo, Bispo de Dourados,fez uma exposição sobre "Economia Solidária". Ir. Neuza Gripa, do Banco Pirapirê de Dourados - MS falou sobre "Direitos dos Migrantes". Elizabeth Martinez Barbery, Defensora del pueblo, que atua na Bolívia, também trouxe sua contribuição. Foi um dia de troca de experiências e um espaço aberto a todos os que buscam ações solidárias de defesa dos migrantes.

23ª Romaria dos(as) Trabalhadores(as)

Com o lema: “Com Maria na caminhada, o povo se organiza por uma economia partilhada”, o SPM participou da Romaria dos(as) trabalhaores(as), no dia 7 de setembro, em Aparecida-SP. A Romaria teve início no Porto Itaguaçu, com a presença de centenas de pessoas. Local simbólico, onde pescadores encontraram a imagem de Nossa Senhora, feita de barro, depois chamada Aparecida. O momento histórico foi relembrado com um barco construído por trabalhadores/as da Pastoral Operária de
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Uberlândia - Minas Gerais. A partilha de pãezinhos fez parte da mística, à luz do evangelho da multiplicação dos pães. O povo caminheiro seguiu a imagem de Maria, no barco, cercada de figuras simbólicas preparadas pelo grupo da Pastoral Operária de Santo André. Milhares de romeiros/as foram andando, cantando, rezando, denunciando o capitalismo e anunciando a nova sociedade. Parando no lugar onde esteva a Tenda dos Mártires durante a Conferência de Aparecida, foram lembrados os/as Mártires trabalhadores/as e distribuídas sementes a serem plantadas para perpetuar os frutos da luta. Chegando ao pátio do santuário, o grito dos trabalhadores(as) desempregados(as), foi apresentado por danças simbólicas, trazidas pelos jovens de Volta Redonda- RJ. No palanque, Dom Ladislau Biernaski, bispo de São José dos Pinhais, Paraná, representando a CNBB, saudou todos os presentes destacando a luta da Igreja em favor dos pobres e excluídos do Brasil. Lembrou a importância do Plebiscito pelo Limite da propriedade da terra e a mobilização do povo. A animação do palanque esteve a cargo de Marlene, Mineirinho e Pe. Valdiran Santos. A comunidade do Jardim Elba também ajudou na animação. Vários direitos foram destacados: moradia, saúde, educação, segurança, entre outros. Destaque para a presença de dezenas de jovens do Educafro e o pessoal de Mauá-SP que veio a pé para o Grito.
Dentro do Santuário, ocorreu a missa dos trabalhadores(as). Preparada Pela Pastoral dos Migrantes, contou com a participação da comunidade do Jardim Elba, responsável pelos cantos, e comunidade do bairro Terezinha, Brasilandia, que preparou a entrada da Bíblia e o ofertório. No final da Missa, foi lida uma mensagem da Pastoral Operária, pedindo proteção contra os corruptos e corruptores, contra a opressão política, econômica e policial que gera a criminalização dos movimentos sociais, contra a desigualdade social e os baixos salários que geram vários tipos de exclusão s. A mensagem invocava, também, luz para iluminar a caminhada de construção do projeto popular. Foi destacado o projeto de economia partilhada, lembrando que no inicio da igreja “a multidão dos fiéis era um só coração e uma só alma”. Ninguém considerava propriedade particular as coisas que possuía, mas tudo era posto em comum. Com grande poder, os apóstolos davam testemunhos da ressurreição de Jesus. Entre eles, ninguém passava necessidade, pois aqueles que possuíam terras ou casas vendiam-nas, traziam o dinheiro e colocavam em comunidade para ser distribuído a cada um conforme a sua necessidade (At. 4, 32-35).
Roberval Freire
Secretaria Nacional do SPM

GRITO DOS EXCLUIDOS - DIOCESE DE FOZ DO IGUAÇU - PR

A Diocese de Foz do Iguaçu participou do grito dos excluídos, representada pelo “bloco das Pastorais Sociais”, reunindo os vários organismos, movimentos e pastorais que atuam no campo social e estão integrados na luta pela mesma causa. Neste desfile cívico, fez-se uma caminhada silenciosa simbolizando as pessoas marginalizadas e excluídas que “não têm voz nem vez”, com o objetivo de manifestar nosso apoio às lutas populares. Estavam representados: Cáritas Diocesana, Pastoral Carcerária, Pastoral da Mobilidade Humana, Conferência dos Religiosos do Brasil (Núcleo de Foz do Iguaçu), Conselho Diocesano de Leigos, Pastoral da Criança, Pastoral da Saúde, Pastoral da Sobriedade, Comunidades Eclesiais de Base, Renovação Carismática Católica, Associação Rainha da Paz. O foco das Pastorais Sociais foi expresso num grande banner com o lema do 16º Grito dos Excluídos: VIDA EM PRIMEIRO LUGAR. Nos banners, situações onde a vida está sendo “amordaçada”: saúde, trabalho, nas questões referentes à terra e à ecologia, problemática da violência em suas várias formas e na ação política. Quando a vida vem menos, paira o grande silêncio da morte! Lutar pela „vida em primeiro lugar‟ é ser fiel ao legado deixado por Jesus Cristo que disse: “Eu vim para que todos tenham vida e vida em abundância”.
Pastoral da Mobilidade Humana – foz do Iguaçu - PR

GRITO DOS EXCLUIDOS – ARQUIDIOCESE DE VITÓRIA - ES

O Grito dos Excluídos é uma manifestação civilizada, pública e organizada, do povo excluído que vive nas favelas, viadutos, em áreas de risco, cortiços e que expressa sua indignação em face dos desmandos, descasos e ausência de políticas sociais que resolvam os problemas de tantos excluídos presentes em nossa sociedade. Na Arquidiocese de Vitória, o grito aconteceu no espaço fora de onde é realizado o desfile oficial cívico e militar, com a presença de pastorais e movimentos sociais organizados da Grande Vitória. Toda a manifestação foi dividida por Alas: Primeira ala: CAMPANHA CONTRA A VIOLÊNCIA E O EXTERMÍNIO DE JOVENS. Objetivo: avançar na conscientização e desencadear ações que possam mudar essa sociedade de morte. Basta, chega de violência e extermínio de jovens! Esse foi o grito da juventude. Denunciar todas as formas de injustiça social. Para marcar o momento, foram levadas simbolicamente
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várias miniaturas de caixões. Segunda ala: SISTEMA ECONOMICO QUE GERA MORTE: o sistema econômico produz uma grande contradição. De um lado, a abundância de produção e de tecnologias; de outro, a fome e a miséria. A atual crise econômico-financeira agravou os níveis de desemprego, pobreza e carência alimentar; contribuiu para desnudar outra crise mais profunda e estrutural: a da própria terra e da vida no planeta. Vamos à rua gritar que é possível outra economia. Terceira ala: QUAIS SÃO OS DIREITOS BÁSICOS? A VIDA EM PRIMEIRO LUGAR! Fomos às ruas, com mais de três mil pessoas, levar nossa indignação, nossa fé, coragem, compromisso, alegria, direito de ir e vir, igreja acolhedora, respeito, trabalho, justiça, paz, amor, terra, saúde, educação, escuta, moradia, dignidade, nossa vontade de ver nossos direitos sendo respeitados e garantidos. Um grupo de 62 migrantes levou símbolos: malas, trochas na cabeça, faixa denunciando a morte dos 72 migrantes na fronteira do México e Estados Unidos. A manifestação iniciou-se às 9 horas, no Sambão do Povo, local onde é apresentado o desfile das escolas de samba capixabas. Seguiu em direção ao Palácio Anchieta, sede do Governo. Cada grupo manifestou-se do seu jeito. Foi um momento realmente lindo, brilhante, com muitos cantos, danças, gritos de desabafo, denuncias, anúncios e protestos. Afinal de contas, um outro mundo é possível.
Pela Pastoral dos Migrantes – Ir. Deonilda Vígolo

GRITO DOS EXCLUIDOS 2010 – ARAÇUAÍ - MG

No Vale do Jequitinhonha, o grito aconteceu com a votação do plebiscito em diversas cidades onde estão localizadas as duas Dioceses, no Médio e Baixo Jequitinhonha, Araçuaí e Almenara. Diante da realidade desafiadora do latifúndio, o monopólio da terra nas mãos de empresas de eucaliptos, carvoarias e barragens, concentração de terra em contraste com os acampamentos e assentamentos e a migração temporária, o grito e o plebiscito foram realizados. Muitas entidades e Igrejas tiveram dificuldades de entrar na proposta de realização do grito. Algumas entidades, pastorais e movimentos sociais, enfrentando o desafio, realizaram o plebiscito com a votação. Uma das formas de resistências e enfrentamento foi o abaixo assinado que circulou por vários dias coletando assinaturas para pressionar o congresso nacional em relação ao cumprimento da função social da propriedade rural. O Plebiscito foi articulado pelas comunidades e se estendeu do dia 7 de setembro até o último prazo estabelecido pelas Entidades. O ponto positivo foi o grande número de pessoas no dia do grito procurando as urnas para votar. Os desafios contribuíram para alertar quanto à tomada de consciência do dever de exercer a cidadania.
Equipe da Pastoral dos Migrantes – Vale Jequitinhonha - MG

GRITO DOS EXCLUIDOS 2010 – Teresina – PI

“Onde estão nossos direitos”?
Aconteceu o grito dos excluídos, no dia 7 de setembro, articulado
pelas Pastorais Sociais, movimentos e representantes de alguns sin-
dicatos. O evento foi articulado nas bases, trazendo o povo das
periferias.
A concentração aconteceu a partir das sete horas da manhã, na Praça da Liberdade, centro da cidade. A acolhida das caravanas foi feita com cantos e animação e um momento de mística. Iniciou-se então a caminhada até a Superintendência Regional do Trabalho e Emprego. Os participantes expressaram seus gritos por meio de danças, dramatizações, depoimentos, faixas, cartazes com palavras de ordem denunciando a realidade que estão vivendo.
SPM e entidades – Teresina – PI

GRITO DOS EXCLUÍDOS - FORTALEZA – CE

Vida em primeiro lugar. Onde estão nossos direitos? Vamos às ruas para construir o projeto popular! Segunda-feira, 6 de setembro de 2010. Em pleno feriadão, a Praça dos Mártires, conhecida como Passeio Público, começou a receber crianças, jovens, mulheres, homens, idosos dos mais variados cantos e recantos de Fortaleza. O que queriam? O que traziam? Queriam mostrar que nas periferias da cidade existe arte, criatividade, alegria e esperança, a despeito da exclusão. O movimento afro trouxe sua ginga que se juntou à beleza da juventude, que se uniu ao olhar vivo do idoso, que encontrou resposta no sorriso corajoso da mulher. Assim, como um mosaico colorido e ao som de apitos e atabaques, começamos a realizar o 16º Grito dos Excluídos. Mas gritar a exclusão e dançar a esperança, tendo como testemunhas os baobás, parecia pouco para nós. Então, ousamos ocupar as ruas do centro da cidade em bonita passeata, carregando cartazes e faixas que relembravam as lutas históricas: saúde, educação de qualidade, moradia, lazer, trabalho. Parafraseando Chico Buarque, podemos afirmar que o comércio, os tristes, os alegres, o trânsito, todos pararam para nos ver passar. Ninguém conseguiu ficar indiferente àquele trem de um só vagão, imenso e colorido que apitava e gritava em uníssono um convite: vamos às ruas para construir um projeto popular. O sol inclemente de setembro foi camarada e, acreditem, como diz o sertanejo, “fechou um olho” e seguiu sereno conosco até a Igreja do Rosário, erguida sobre o clamor do negro escravo. Fizemos memória da luta daquele povo que doou suor e sangue na construção dessa cidade. E lá alimentamos nossa mística no canto afro, não de lamento, mas de consciência da verdadeira história escrita por nossos antepassados. O crepúsculo anunciava a noite quando chegamos à Praça do Ferreira, coração de Fortaleza. E o que se construiu naquele palco, sim, tinha um palco, foi um marco a ser contado e recontado a boca miúda, como se diz aqui: sem teto, moradores de rua, crianças, mulheres ocuparam o espaço e, sem outorgar sua voz a ninguém, falaram em primeira pessoa suas dores, agruras e anseios. O que exigem dessa cidade? Nada mais do que o que já está assegurado na Constituição Brasileira: direitos essenciais à vida. Afinal, que Pátria mãe gentil é essa, que deixa seus filhos dormirem com fome e ao relento? E após tantos gritos, partilhamos pão. Éramos muitos, mas sobrou. Quando há partilha sempre sobra, e oferecemos a quem quisesse ver, como entendemos a vida: uma ciranda de igualdade, mas ricamente diversificada, em que cada um aperta firme a mão do outro, que respeita e faz concessão ao ritmo do outro. E dançamos. Nunca a Praça do Ferreira assistira a tão singelo hiato no corre-corre de cidade grande. E pensar que era segunda-feira, seis de setembro. Pleno feriadão.
Ir. Claudine e equipe Pastoral dos Migrantes
Fortaleza - CE

Grito dos Excluídos em Manaus

Desta vez tive a alegria de estar em Manaus, onde fui pregar o retiro para os seminaristas e concluir o retiro participando junto com eles do Grito realizado no dia 7 de Setembro. Foi bonito. Pessoalmente, pude fazer a ponte entre o primeiro Grito e o Grito deste ano, me encontrando na Amazônia. Há 15 anos, quando surgiu a idéia de fazermos o "Grito dos Excluídos", já havia o "Grito da Amazônia" e foi este "Grito da Amazônia" que propiciou a inspiração de fazermos, por que não, o "Grito dos Excluídos". Estando lá na Amazônia, percebi melhor como o Grito dos Excluído tornou-se a expressão de todos os gritos de nosso povo. Neste ano, tive a alegria de comprovar como o Grito é importante. Vendo a maneira alegre, consciente e bem organizada do Grito realizado em Manaus, me dei conta da força, da mística e do sentido que possui o Grito. Enquanto o povo ia-se aglomerando no local da concentração, nas proximidades do terminal rodoviário da cidade, iam-se sucedendo as denúncias, bem elaboradas, concretas, ligadas a problemas vividos pelos habitantes, sobretudo das periferias de Manaus. Fiquei pensando: se não fosse o Grito, quem iria levantar estas denúncias? O Grito se tornou uma plataforma política de grande valor para o exercício da cidadania. Depois foram apresentadas diversas encenações, com a presença marcante de adolescentes e jovens que souberam expressar suas denúncias de maneira artística. O Grito conseguiu despertar o interesse da imprensa, que se fez presente e pode constatar que o Grito tem substância e é um canal positivo para o povo expressar seus anseios no dia da Pátria. Assim, minha viagem a Manaus foi melhor do que eu esperava: fizemos um retiro muito bom com os seminaristas da Amazônia, que estudam no Seminário de Manaus, e participamos junto com eles do Grito dos Excluídos. Foi muito bom! D. Demétrio Valentini
Presidente do SPM

Marchando por um mundo sem muros e humanitário

José Carlos Alves Pereira
(Serviço Pastoral dos Migrantes – SPM)

O IV Fórum Social Mundial das Migrações - FSMM encerrou-se em 12 de Outubro com uma forte, politizada e multicolorida marcha de cerca de 2000 pessoas. Elas partiram às 09:00 do Centro Cultural da PUC-Equador até a Praça Santo Domingo, onde houve apresentações, ritos, falas e cantorias. Muitas dezenas de entidades e movimento social de 43 países estavam presentes com seus militantes e lideranças empunhando suas faixas, bandeiras, cartazes e cantando palavras de ordem como “Povos em movimento por uma cidadania universal”, “Por um mundo sem fronteiras, nossa terra, nossos sonhos, nossos direitos, nossa morada”.

A forte presença das mulheres, dos jovens e do movimento indígena camponês foram os destaques da marcha. Mulheres migrantes das cidades, mulheres migrantes dos campos, mulheres migrantes caiçaras clamavam e cantavam pela derrubada do patriarcado, pela prevenção e combate à exploração sexual e ao tráfico de seres humanos. Reivindicavam seus direitos de trabalho digno e igualdade política e social.

Os jovens bradavam pelo fim da exclusão social, pela derrubada dos muros e fronteiras de países que violam os direitos humanos e impedem o gozo do direito de viver e caminhar na Terra como pátria mãe de todos os povos. Cantavam a educação, a saúde, a arte, a participação política, a liberdade de expressão e o trabalho digno como direitos universais.

As mulheres e homens indígenas clamavam por uma terra mãe que acolhesse a todos e todas garantindo-lhes pleno acesso à água, a sementes crioulas, a alimentos saudáveis, ao respeito por suas culturas, credos e modos de vida.
Juntos, todos denunciavam o modelo capitalista de civilização como o grande gerador de desigualdades, destruidor da humanidade e da natureza.

Os equatorianos às portas de lojas, calçadas e janelas tinham os olhos brilhantes e embebidos pelo mar de gente marchando pela derrubada dos muros, fronteiras e desigualdades que violam os direitos humanos

Com suas gentes, seus brados, bandeiras, cantos e cores, a marcha preencheu ruas e avenidas inteiras. Quase não cabia dentro delas, e, foi se derramar, inundar a Praça Santo Domingo no centro histórico de Quito.

A confluência para a praça transformou-se em rito, liturgia, mística que entrelaçou sonhos, lutas, povos, mulheres, homens, jovens e lideranças. A esta altura, nem o escaldante sol equatoriano do meio dia conseguiu abafar suas vozes, seus cantos ou murchar suas esperanças de construção de um novo modelo de civilização caracterizado pela diversidade de culturas, e não por hierarquias entre elas; pelo pleno direito de migrar, mas também de ficar; pela dignidade de todas as pessoas migrantes sem distinção de sexo, etnia e classe social; por um desenvolvimento social, econômico e ambiental sustentável; pelo surgimento e protagonismo de novos atores sociais em um marco de justiça e democracia plenas.

A marcha representou uma bela síntese do Fórum e a expressão da luta por reconhecimento de um mundo sem muros e todas as mulheres e homens como cidadãs e cidadãos universais. As pessoas marcharam, falaram, apresentaram, cantaram com uma simbiose entre suas mentes, sonhos e corações. Vivendo a experiência da marcha, tive alimentadas e fortalecidas minhas convicções de que a mobilização e organização popular criam, formam, educam novos atores sociais capazes de sonhar, lutar e construir um outro mundo, onde não a mercadoria, mas a pessoa humana seja a prioridade das relações sociais.

Fórum Social Mundial das Migrações começou hoje (8) em Quito

Tatiana Félix *

Adital -
"Povos em movimento por uma cidadania universal. Derrubando o modelo, construindo atores" é o lema que embala o IV Fórum Social Mundial das Migrações (FSMM) que começou hoje (8) em Quito, no Equador. A expectativa é de reunir mais de três mil pessoas de cerca de 90 países, que se posicionam contrárias ao modelo de globalização neoliberal, para participarem das discussões em torno da mobilidade dos povos, direitos e cidadania.

Movimentos sociais e religiosos, e diversas organizações da sociedade civil e integrantes do Grito dos Excluídos, de todos os continentes, integram o Comitê Internacional do FSMM, numa intensa mobilização mundial em defesa dos direitos das pessoas migrantes, refugiadas, deslocadas e apátridas.

Quatro eixos temáticos dão o direcionamento dos debates: "Crises globais e fluxos migratórios", "Direitos Humanos e Migração", "Diversidade, convivência e transformações socioculturais" e "Novas formas de escravidão, servidão e exploração humana". Além destes temas principais, serão abordados ainda assuntos transversais como Gênero, Etnicidade, Religiosidade e Interculturalidade.

Para refletir sobre essas questões serão realizadas conferências, seminários, painéis e oficinas. As atividades acontecem na Casa da Cultura Equatoriana, na Pontifícia Universidade Católica do Equador (PUCE), na Universidade Politécnica Salesiana (UPS) e na Escola Politécnica Nacional (EPN).

O objetivo é buscar propostas que possam ser apresentadas aos países como medidas de solução de problemas que envolvem o dia-a-dia da população migrantes, marcado por preconceitos e discriminações.

Para amanhã, sábado (9), está prevista a atividade de Integração regional, migrações e luta pelos bens comuns na América Central e os debates sobre os temas "Migração: desenvolvimento da integração dos povos" e "A crise mundial e seu impacto sobre a participação, a cidadania universal e a integração". No domingo (10) acontecem mais seminários, painéis e oficinas. Já a segunda-feira (11), será animada com uma grande Assembleia dos Movimentos Sociais.

O encerramento do IV FSMM será na terça-feira (12) junto com o V Congresso da Coordenadoria Latinoamericana de Organizações do Campo (Cloc) - Via Campesina.

Eventos Paralelos
Nos dias 11 e 12 também acontece em Quito o II Fórum de Autoridades Locais Cidades Abertas para manter o debate regional sobre as questões de migração com foco nos direitos humanos.

O Fórum das Migrações acontecerá ainda de maneira simultânea em Barcelona, na Espanha, e apresentará um mostra de Cinema de Fronteiras, para que o público tenha uma ampla ideia sobre divisões territoriais. Durante a mostra, será estabelecido um diálogo sobre o tema migração, por meio de teleconferência entre especialistas de Quito e de Barcelona.

Histórico do FSMM

A primeira edição do Fórum Social Mundial das Migrações aconteceu em 2001, no Brasil, refletindo sobre o tema "Travessias na desordem global". Já a segunda e terceira edições foram realizadas na Espanha abordando as temáticas: "Cidadania universal e Direitos Humanos. Outro mundo é possível, necessário e urgente" e "Nossas vozes, nossos direitos, por um mundo sem muros", respectivamente.
Na Carta de Princípios do Fórum Social Mundial das Migrações, criada a partir da primeira experiência do encontro no Brasil, os militantes declaram que as propostas do Fórum se opõem a um processo de globalização, comandado por grandes corporações multinacionais e pelos governos e instituições que sirvam a seus interesses. A orientação do movimento é que a globalização se transforme em um modelo solidário, respeitando os direitos humanos universais de todos os cidadãos e o meio ambiente, com base na justiça social, igualdade e soberania dos povos.
Acompanhe as atividades do IV FSMM através do site: http://www.fsmm2010.ec

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Entidades produzem documento sobre igualdade de gênero na educação brasileira

Adital -
O Comitê Latino-Americano e do Caribe para a Defesa dos Direitos da Mulher (Cladem), a ONG Ação Educativa e outras organizações estão produzindo um documento sobre a equidade de gênero na educação do Brasil, com o objetivo de desenvolver ações para superar a desigualdade e a violência de gênero. O material sobre ‘Educação Não Sexista e Anti-Discriminatória’ deverá estar pronto até o final de novembro e trará um diagnóstico regional a respeito da educação e das relações de gênero.
De acordo com a integrante da coordenação executiva de Ação Educativa e Relatora Nacional para o Direito Humano à Educação (Plataforma Dhesca/Brasil), Denise Carreira, o informe brasileiro terá dados sobre temas que afetam o desempenho escolar de meninas, jovens e mulheres, como gravidez na adolescência, violência nos estabelecimentos de ensino, discriminação regional e desigualdade racial.


Mais informações sobre a iniciativa podem ser obtidas no site www.educacion-nosexista.org.

Fonte: Campanha Nacional pelo Direito à Educação.

Fórum Social Mundial das Migrações

Tatiana Félix *

Adital -
"Povos em movimento por uma cidadania universal. Derrubando o modelo, construindo atores" é o lema que embala o IV Fórum Social Mundial das Migrações (FSMM) que começou no dia 8, em Quito, no Equador. A expectativa é de reunir mais de três mil pessoas de cerca de 90 países, que se posicionam contrárias ao modelo de globalização neoliberal, para participarem das discussões em torno da mobilidade dos povos, direitos e cidadania.

Movimentos sociais e religiosos, e diversas organizações da sociedade civil e integrantes do Grito dos Excluídos, de todos os continentes, integram o Comitê Internacional do FSMM, numa intensa mobilização mundial em defesa dos direitos das pessoas migrantes, refugiadas, deslocadas e apátridas.


Quatro eixos temáticos dão o direcionamento dos debates: "Crises globais e fluxos migratórios", "Direitos Humanos e Migração", "Diversidade, convivência e transformações socioculturais" e "Novas formas de escravidão, servidão e exploração humana". Além destes temas principais, serão abordados ainda assuntos transversais como Gênero, Etnicidade, Religiosidade e Interculturalidade.

Para refletir sobre essas questões serão realizadas conferências, seminários, painéis e oficinas. As atividades acontecem na Casa da Cultura Equatoriana, na Pontifícia Universidade Católica do Equador (PUCE), na Universidade Politécnica Salesiana (UPS) e na Escola Politécnica Nacional (EPN).

O objetivo é buscar propostas que possam ser apresentadas aos países como medidas de solução de problemas que envolvem o dia-a-dia da população migrantes, marcado por preconceitos e discriminações.

Para amanhã, sábado (9), está prevista a atividade de Integração regional, migrações e luta pelos bens comuns na América Central e os debates sobre os temas "Migração: desenvolvimento da integração dos povos" e "A crise mundial e seu impacto sobre a participação, a cidadania universal e a integração". No domingo (10) acontecem mais seminários, painéis e oficinas. Já a segunda-feira (11), será animada com uma grande Assembleia dos Movimentos Sociais.

O encerramento do IV FSMM será na terça-feira (12) junto com o V Congresso da Coordenadoria Latinoamericana de Organizações do Campo (Cloc) - Via Campesina.

Eventos Paralelos

Nos dias 11 e 12 também acontece em Quito o II Fórum de Autoridades Locais Cidades Abertas para manter o debate regional sobre as questões de migração com foco nos direitos humanos.

O Fórum das Migrações acontecerá ainda de maneira simultânea em Barcelona, na Espanha, e apresentará um mostra de Cinema de Fronteiras, para que o público tenha uma ampla ideia sobre divisões territoriais. Durante a mostra, será estabelecido um diálogo sobre o tema migração, por meio de teleconferência entre especialistas de Quito e de Barcelona.

Histórico do FSMM

A primeira edição do Fórum Social Mundial das Migrações aconteceu em 2001, no Brasil, refletindo sobre o tema "Travessias na desordem global". Já a segunda e terceira edições foram realizadas na Espanha abordando as temáticas: "Cidadania universal e Direitos Humanos. Outro mundo é possível, necessário e urgente" e "Nossas vozes, nossos direitos, por um mundo sem muros", respectivamente.

Na Carta de Princípios do Fórum Social Mundial das Migrações, criada a partir da primeira experiência do encontro no Brasil, os militantes declaram que as propostas do Fórum se opõem a um processo de globalização, comandado por grandes corporações multinacionais e pelos governos e instituições que sirvam a seus interesses. A orientação do movimento é que a globalização se transforme em um modelo solidário, respeitando os direitos humanos universais de todos os cidadãos e o meio ambiente, com base na justiça social, igualdade e soberania dos povos.

Acompanhe as atividades do IV FSMM através do site: http://www.fsmm2010.ec


* Jornalista da Adital

SITUAÇÃO DE MIGRANTES É PREOCUPANTE EM TODO O MUNDO

Genebra, 1º out (RV) - Um documento publicado nesta quinta-feira, em Genebra, pelo Grupo Global de Migração que reúne doze agências das Nações Unidas, comunica à comunidade internacional as dificuldades dos migrantes em situação irregular em todo o mundo.

Segundo informações da Rádio Onu, é preocupante a situação de "discriminação, exclusão, maus-tratos e violações de direitos" que têm sido constatados no tratamento dado a essas pessoas. Os maus-tratos, muitas vezes, chegam a longos períodos de encarceramento, ou pior, a homicídios.

O grupo que, além das doze agências, inclui o Banco Mundial e a Organização Internacional para Migrações, denunciou ainda, que as crianças são as vítimas mais vulneráveis, principalmente, as que viajam desacompanhadas.

A presidente da Ong "Associação Comunitária", Magdala Gusmão, em entrevista à Rádio Onu, denunciou a discriminação que sofrem as mulheres nos países europeus. Ela trabalha com mulheres migrantes africanas e brasileiras, as quais – segundo Magdala - enfrentam situações de abusos, principalmente, aquelas que trabalham como domésticas. Ela explica que os abusos são agravados, porque as migrantes têm medo de denunciá-los às autoridades.

O Grupo Global de Migração pediu aos países que estejam atentos e denunciem aos órgãos competentes as situações de abusos contra os migrantes tão logo tomarem conhecimento de tais situações. (ED)

sábado, 2 de outubro de 2010

O OLHAR

Pe. Alfredo J. Gonçalves, CS

Todo o olhar desvenda e desnuda. Ao pousar sobre outro, tira as máscaras, vê além das aparências. Ocorre isso porque os olhos costumam ser a janela da alma. Revelam em geral aquilo que gostaríamos de ocultar aos demais. Em numerosas ocasiões desmentem os gestos e a verborréia das palavras. Até mesmo os animais, com seu olhar aparentemente neutro e inexpressivo, muitas vezes parecem trazer à luz sentimentos genuinamente humanos, tais como tristeza e alegria, saudade e euforia, raiva e humilhação...

Entretanto, há olhares que desnudam para expor em praça pública a nudez de alguém que se acha indefeso. São os olhos da indiscrição, da curiosidade ou do voyeurismo irresponsável. De fato, é comum encontrar pessoas dispostas a invadir a privacidade alheia, submetendo-a ao escárnio e ao ridículo. Desvendam sem escrúpulo aquilo que o ser humano possui de mais íntimo e sagrado. Ao fazer circular determinadas imagens ou sentimentos, provocam a timidez, a vergonha ou a revolta. Como a fumaça, os segredos jogados ao vento não têm retorno.

De outro lado, há olhares que somente desnudam para, em seguida, revestir de profundo respeito a nudez do outro. Neste caso, só o amor é capaz de defrontar-se com a nudez sem reduzi-la a um escândalo ou ao vexame. Da mesma forma que põe a nu os segredos mais ocultos, o amor os cobre de carinho e ternura, evitando a exposição à curiosidade estranha. É assim que um corpo só pode permanecer nu diante do olhar amado, pois este o reveste de uma roupa invisível, mas nobre e sublime. Abrir a privacidade de uma pessoa é o mesmo que abrir o sacrário. Nos dois casos, estamos diante do mistério que não pode banalizado.

O primeiro tipo de olhar tende a rasgar e ferir, ao passo que o segundo afaga e protege. Ambos retiram da pessoa todas as defesas, deixando-a despida e desamparada. Mas enquanto um exibe a nudez como uma espécie de troféu de sua vitória, o outro a envolve numa nova veste que a deixa segura e confiante. Ambos podem ser comparados ao bisturi do cirurgião. A diferença é que o olhar possessivo e curioso corta o tumor para escancarar sua podridão, ao contrário do olhar amoroso, que corta para curar. Um aponta o dedo em riste sobre a ferida exposta, atraindo sobre ela a atenção de todos; o outro, usa o bálsamo da compreensão e da misericórdia para saná-la.

Por aí se explica porque muitos olhares nos fazem reagir com um desvio imediato, automático, quase involuntário. Sentimos a invasão e procuramos defender a intimidade violada. No trem, no ônibus, na multidão, nas ruas... é comum os olhares se cruzarem e se desviarem logo, ao ser surpreendidos. Também com o olhar é possível violentar um segredo alheio. Daí a reação inconsciente, instantânea. Diante de um olhar que ama, porém, permanecemos firmes e sem medo, pois a nudez está protegida da mera curiosidade. O amor nos deixa transparentes, nus e frágeis como a flor ao vento, mas, ao mesmo tempo, nos recobre com uma capa de profunda compaixão.

Ilustra bem isso o episódio da mulher adúltera no Evangelho de João (Jo 8, 1-11). Três olhares estão em cena: o da própria mulher surpreendida em adultério, o dos escribas e fariseus que carregam e acusam a mulher e o de Jesus. Trata-se, no fundo, de dois olhares apenas. Certamente a mulher já terá introjetado em si mesma a opinião daquela cultura legalista e marcadamente machista. Ela mesma provavelmente se vê como impura e pecadora.

Hoje diríamos que os escribas e fariseus representam o olhar da opinião pública. Esta desnuda a mulher, expõe seu pecado à luz do dia, para julgá-la, acusá-la e apedrejá-la. A exemplo de muitos setores da mídia e das multidões enfurecidas, a opinião pública guia-se unicamente pela letra da lei. Permanece cega e surda às circunstâncias históricas e à condição da acusada. É preciso que se cumpra o que está escrito.

O olhar de Jesus repousa com doçura sobre o coração e a alma da mulher. Não julga, apenas observa e ilumina, em silêncio. Joga uma luz nova sobre as entranhas mais íntimas do ser humano. Sabe que, muito mais que pecadora, aquela mulher é vítima do contexto social. Não ignora também a possibilidade do arrependimento e da conversão. Passa por cima de todo discriminação e preconceito. Concede uma nova chance a um coração que só quer amar e ser amado. A misericórdia prevalece sobre a lei. Mais ainda, Jesus inverte a situação do tribunal público e popular. Aquela que vinha sendo julgada, condenada à marginalidade, é convidada ao centro. A ré torna-se referência para o julgamento dos pretensos juízes. Quem dentre vós estiver sem pecado, seja o primeiro a lhe atirar uma pedra.

Qual não terá sido a surpresa dos escribas e fariseus, bem como da própria mulher! Eu também não te condeno; vai, e de agora em diante não tornes a pecar. O pecado não é justificado, mas o pecador tem direito a uma nova oportunidade.