quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Fiscalização liberta 95 de trabalho escravo no Rio de Janeiro

Cortadores de cana da Fazenda Marrecas, área da Erbas Agropecuária em Campos dos Goytacazes (RJ), não tinham registro nem acesso adequado à água potável. Outro grupo de trabalhadores baianos também foi explorado

Por Bianca Pyl

O Norte fluminense foi novamente palco de trabalho análogo à escravidão. Desta vez, 95 cortadores de cana-de-açúcar foram encontrados em quadro de trabalho escravo. As vítimas trabalhavam na Fazenda Marrecas, da empresa Erbas Agropecuária S/A, em Campos dos Goytacazes (RJ).

A fiscalização, ocorrida em 24 de agosto, reuniu Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Ministério Público do Trabalho (MPT), Polícia Rodoviária Federal (PRF) e Marinha do Brasil, que vasculhou a área com sobrevôos para localizar as frentes de trabalho. Os libertados foram arregimentados pelo intermediário Valter Júnior Henrique Gomes em bairros da região.

"Encontramos trabalhadores cortando cana descalços, correndo um risco enorme de se ferirem", relata a procuradora do trabalho Guadalupe Louto Turos Couto, que participou da ação. Além da falta de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), o acesso à água fresca durante o serviço era limitado. "A água era trazida de casa pelos empregados em garrafas plásticas e acabava no meio do expediente. Isso aumenta o risco de desidratação devido ao longo período de exposição ao sol", completa.

Nas frentes de trabalho no meio dos canaviais, não havia instalações sanitárias nem locais adequados para as refeições. Os cortadores traziam marmita de casa, mas não tinham onde armazenar as refeições. Em dias muito quentes, as refeições chegavam a estragar.

A jornada de trabalho era exaustiva. De acordo com relatos, os trabalhadores pegavam os ônibus logo cedo, por volta das 6h da manhã. O trabalho se encerrava às 17h. As ferramentas de trabalho, como facões, eram transportados junto com os trabalhadores no ônibus.

A Norma Regulamentadora 31 (NR 31) - que estabelece as normas para o trabalho rural - determina que as ferramentas de trabalho sejam transportadas separadas dos empregados para evitar acidentes.

A cana da propriedade flagrada era vendida para a Usina Paineiras, em Itapemirim (ES). A Erbas Agropecuária não efetuou o registro na Carteira de Trabalho e da Previdência Social (CTPS) dos cortadores.

Após a fiscalização, os libertados receberam as verbas rescisórias, que totalizaram R$ 100 mil e as guias para o recebimento do Seguro Desemprego para o Trabalhador Resgatado.

Por telefone, um procurador da Erbas que preferiu não se identificar declarou à Repórter Brasil que a situação está sendo regularizada e que, a partir de agora, a empresa agropecuária pretende contratar de acordo com a legislação trabalhista "para evitar aborrecimentos".

Migrantes
Após a operação, outros 35 trabalhadores procuraram a Procuradoria do Trabalho do Município de Campos dos Goytacazes (RJ) para fazer denúncia: eles também teriam sido vítimas de trabalho escravo.

O grupo foi aliciado na Bahia por um "gato" ligado ao mesmo intermediário. Eles saíram de Santo Amaro (BA) chegaram e à região em maio de 2010. "Valter disse que uma nova usina de cana havia se instalado na região e que havia muito trabalho para quem quisesse", conta a procuradora.

Os trabalhadores relataram que tiveram que pagar as despesas com a viagem do Nordeste. Quando chegaram, perceberam que a situação não era bem como Valter havia prometido. Eles tiveram que alugar casas na periferia do município e arcar com todas as despesas. "Esse grupo trabalhou em diversas fazendas durante todo esse período", explica Guadalupe.

Eles também não receberam EPIs e tinham que comprar as próprias ferramentas de trabalho. A alimentação também era preparada pelos próprios trabalhadores, que tinham que levar água para as frentes de trabalho. O pagamento dos salários variava mês a mês e era insuficiente diante de tantas dívidas que se acumulavam com os gastos de permanência.

Foi possível estabelecer o vínculo empregatício com o "gato" Valter, que pagou as verbas trabalhistas aos cortadores de cana baianos e também a passagem de retorno aos locais de origem das vítimas.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

ACORDOS DE RESIDÊNCIA MERCOSUL E MERCOSUL BOLIVIA E CHILE

O Governo Federal do Brasil promulgou, em 29 de setembro e 7 de outubro de 2009, respectivamente, os Decretos nº 6.964 e 6975, que instituem os Acordos sobre Residência para Nacionais dos Estados Parte do Mercosul e do Mercosul Bolívia e Chile (Estados Associados)

Negociados em 2002 pela Secretaria Nacional de Justiça, no âmbito da Reunião de Ministros de Interior do Mercosul, finalizaram-se agora todos os atos necessários à plena vigência dos dois Acordos.

O estrangeiro beneficiado com os Acordos de Residência Mercosul ou Mercosul Bolívia e Chile possui igualdade de direitos civis no Brasil. Deveres e responsabilidades trabalhistas e previdenciárias são, também, resguardadas, além do direito de transferir recursos.

O processo para a obtenção de residência é simples: consiste na concessão, pela Polícia Federal, de uma residência temporária de dois anos. Noventa dias antes do fim deste prazo, o estrangeiro poderá solicitar a transformação em residência permanente.

QUEM PODERÁ REQUERER A RESIDÊNCIA ?

Consoante os termos dos Acordos, todos os nacionais brasileiros, argentinos, paraguaios, uruguaios, bolivianos e chilenos poderão requerer residência em qualquer dos Estados signatários, independentemente de estarem em situação migratória regular ou irregular.

Os estrangeiros das mencionadas nacionalidades que se encontram irregulares em uma das Partes, ficam isentos de multas ou outras sansões administrativas relativas à sua situação migratória.

ONDE E COMO REQUERER?

No Brasil, para a obtenção de residência temporária de dois anos, o nacional de qualquer dos Estados signatários poderá dirigir-se à Policia Federal mais próxima e apresentar, além do requerimento, os seguintes documentos:

1. Passaporte ou documento de identidade do seu país, válidos, juntamente com a respectiva cópia xérox;
2. Certidão de nascimento, casamento ou de naturalização, se for o caso;
3. Certidão negativa de antecedentes criminais emitida pelo país de origem ou dos países em que houver residido nos últimos cinco anos;
4. Declaração, sob as penas da lei, de ausência de antecedentes penais ou policiais, no Brasil e no exterior;
5. Atestado de antecedentes criminais, servindo para tal fim o expedido por meio do site www.dpf.gov.br;
6. Comprovante original do pagamento da taxa de expedição da Carteira de Identidade de Estrangeiro (CIE), no valor de R$ 124,23 (cento e vinte e quatro reais e vinte e três centavos), a ser recolhida por meio de GRU - Guia de Recolhimento da União, Código 140120, extraída do endereço eletrônico www.dpf.gov.br; e
7. Comprovante original do pagamento da taxa de registro no valor de R$ 64,58 (sessenta e quatro reais e cinqüenta e oito centavos) a ser recolhida por meio de GRU, Código 140082, igualmente extraída do sitio www.dpf.gov.br.
8. Duas fotos 3x4, coloridas, recentes e de fundo branco.

ATENÇÃO

Não se deixe enganar: para ser beneficiado com os Acordos de Residência Mercosul e Mercosul Bolívia e Chile, não é necessário pagar outras taxas ou valores além daqueles previstos em lei, não sendo, também, necessária a intermediação de procurador.

Em casos de dúvida, fale com a Central de Atendimentos da Secretaria Nacional de Justiça, por meio do telefone +55 (61) 2025-3232 ou do endereço eletrônico: estrangeiros@mj.gov.br caso esteja no Brasil, ou à representação diplomática brasileira mais próxima, caso se encontre no exterior.

Bolivianos pagam para não apanhar em escola estadual

Alunos estrangeiros de colégio no Brás têm que dar dinheiro e lanche a colegas brasileiros que os ameaçam

Direção afirma que casos de violência são combatidos; Secretaria da Educação diz que vai investigar situação

RAPHAEL MARCHIORI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA DE SÃO PAULO

Alunos imigrantes da escola estadual Padre Anchieta, no Brás (região central de
São Paulo), pagam "pedágio" aos brasileiros para não apanhar fora da unidade.
A compra da "segurança" foi revelada à Folha por alunos e docentes. Aprópria direção
da unidade confirma. Para se sentirem seguros, os estrangeiros, principalmente
bolivianos, pagam lanches na cantina ou dão aos brasileiros o que têm nos bolsos, mesmo que seja R$1. "Caso contrário, apanham do lado de fora da escola", diz Mário Roberto Queiroz, 49, professor de história e mediador -função criada pela Secretaria da Educação para trabalhar junto à comunidade escolar questões como atos de vandalismo, discriminação e violência.

Um aluno e um ex-aluno da escola, ambos de 16 anos, afirmam que os casos ocorrem
pelo menos desde 2008. "Eles pedem R$1 ou R$2. Entreguei três vezes. Na quarta,
apanhei", conta um deles, que está há 14 anos no Brasil. A situação preocupa os
pais. Oboliviano José Alanaco, costureiro, prefere levar a filha de 15 anos à escola todos os dias a deixá-Ia ir sozinha. "Tenho medo do que pode acontecer."

DIVERSIDADE
Na Padre Anchieta há 2.421 alunos nos ensinos fundamental e médio. Metade é de imigrantes ou filhos de estrangeiros, diz a direção. Além de bolivianos (a maior parte), há paraguaios, peruanos, chineses, coreanos, angolanos e nigerianos.
Segundo a diretora Maria Luiza Villamar, os bolivianos são os mais discriminados.
"Chineses e coreanos têm uma condição financeira melhor, e os africanos fazem a
própria segurança andando em grupos", explica. Maria Luiza diz que todos os casos de violência envolvendo alunos são combatidos e também tratados da mesma forma. "Não separamos as ocorrências para não discriminar os imigrantes".

Para Quézia Bombonatto, presidente da Associação Brasileira de Psicopedagogia, os casos de discriminação mostram falha no processo pedagógico da escola. "A instituição deve discutir mais a diversidade e a tolerância, principalmente devido
ao grande contingente de alunos imigrantes", diz.

COMISSÃO
Em nota, a Secretaria de Estado da Educação informou que uma comissão de supervisores será enviada à escola para analisar os casos de discriminação. Apasta afirmou que, se for constatada omissão da direção, haverá punições. A Embaixada da Bolívia estima que haja aproximadamente 120 mil bolivianos no Brasil, entre regulares e clandestinos. Segundo o MEC (Ministérioda Educação), em 2009 havia 38.046 imigrantes nas escolas brasileiras de educação básica.

ENCONTRO MIGRATÓRIO SEM FRONTEIRA

No dia 10 de setembro de 2010, em Navirai/MS, realizou-se o IX Encontro Migratório Sem Fronteira. O Evento reuniu cerca de 90(noventa) pessoas do Brasil e do Paraguai, que discutiram dois temas: “Migração e Doutrina Social da Igreja” e a Legislação do MERCOSUL: acordo de livre, residência para os nacionais dos países do MERCOSUL (Uruguai, Argentina, Brasil e Paraguai) e associados (Bolívia e Chile).
Assessoraram as atividades e contribuiram na reflexão com palestras e exposições sobre os temas propostos, Irmã Rosita Milesi,mscs, do Setor Pastoral da Mobilidade Humana da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil/CNBB e padre Alfredo José Gonçalves,cs, do Serviço Pastoral dos Migrantes Nacional.
O evento foi organizado pelo Serviço Pastoral dos Migrantes da Diocese de Dourados/MS e pela Pastoral da Mobilidade Humana do Paraguai/Py, com o apoio e parceria da Paróquia Nossa Senhora de Fátima de Navirai/MS, local onde realizou-se o encontro e reunião da Equipe de Coordenação.
O Serviço Pastoral dos Migrantes, que neste ano está completando 25 anos de presença junto aos migrantes, tem o objetivo de dinamizar a organização coletiva dos migrantes, à luz de uma evangelização aberta ao dialogo inter-cultural que, os estimule a serem protagonistas da história, na construção de uma sociedade justa e solidária, sinal do Reino de Deus. Como serviço, coordena e promove projetos sócios pastorais em defesa dos migrantes, o resgate de suas raízes, sua inserção sócio eclesial, construindo a cidadania universal.
O evento favoreceu o espaço de encontro e de integração entre os diversos agentes de pastoral e atores sociais que desenvolvem suas atividades no campo da migração que se apresenta com inúmeros desafios e possibilidades.
Um ponto também tratado e refletido no IX Encontro foi referente a situação com os diversos aspectos que afligem, sobretudo, os migrantes brasileiros no Paraguai, bem como os que estão em processo de retorno ao Brasil, os quais perderam a terra e os bens naquele País, e hoje passam fome, frio e tantas necessidades, situando-se debaixo de lona á beira da Rodovia 163, em Itaquirai/MS.
Outro aspecto que preocupa e desfiou os participantes é o “tráfico de pessoas”. A partir das reflexões provocadas, elaboraram e enviaram à presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil/CNBB um pedido para que a Campanha da Fraternidade de 2013 seja sobre o tema: “A responsabilidade que sentimos, como Igreja, de ser agentes vivos na missão profética de denunciar condutas que aviltem a dignidade do ser humano, cientes deste hediondo crime e violação dos direitos humanos, solicitamos que o tema da Campanha da Fraternidade do ano de 2013, seja sobre o tráfico de pessoas.
O próximo Encontro Migratório Sem Fronteiras, ficou definido que será em Cuidad Del Este – Paraguai, seguindo a sistemática já adotada de ser realizado alternamente entre o Brasil e Paraguai.
A equipe organizadora, agradece a participação de cada um/a e o empenho dos membros da Paróquia Nossa Senhora de Fátima que não mediram esforços para que o evento atingisse seu objetivo.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Seminário sobre Migrações, Economia e Direitos

No dia 16 de Agosto, dando continuidade as atividades foi realizado o Seminário sobre Migrações, Economia e Direitos, com a participação de 60 pessoas, envolvendo lideranças, estudantes de Teologia, assistentes sociais, ONGs, poder público e demais entidades que trabalham com migrantes no Estado, para discutirem o tema das Migrações no MS (Dom Redovino Rizzardo); Economia solidária (Ir. Neusa-Banco Pirê) e diretos dos migrantes (Drª Elizabete Martinez-Dedendora del Pueblo em Bolívia). Na passagem foi entregue também a revista Conversação do IBBIS cujo o tema em destaque foi Migração e tráfico de pessoas. O evento contou com um bom debate sobre o tema, socializações de experiências e desafios no trabalho juntos aos migrantes.O Serviço Pastoral dos Migrantes do Regional Oeste I, que é composto pelas dioceses de Corumbá, Dourados e Campo Grande. Elas se encontraram no dia 15 de Agosto à tarde para uma reunião de articulação de suas ações, dentre elas, o plano de ação regional-MS, que abrangerá as outras dioceses na Assembléia da região Centro Oeste, a realizar-se de 15 a 17 de Outubro em Cuiabá-MT.

IV Fórum Social Mundial das Migrações - Reta Final

"Pueblos en Movimiento -por la Ciudadanía Universal". Com este slogan acontece de 8 a 10 de outubro, em Quito, o IV Fórum Social Mundial das Migrações - IV FSMM. Este Fórum orienta-se pelos princípios do Fórum Social Mundial e tem como eixo central o tema das migrações. Já está com mais de 130 atividades inscritas, sendo esperada uma presença de mais de duas mil pessoas de mais de 50 países.
Os debates, seminários, oficinas, mesas temáticas e atividades culturais serão orientadas pelos seguintes eixos: crises globais e fluxos migratórios, direitos humanos e migração, diversidade, convivência e transformações sócio culturais, novas formas de escravidão, servidão e exploração humana.
Articulação de forças
Depois de um acordo feito entre o Comitê Internacional do IV FSMM, a Via Campesina e a CLOC - Coordenação Latino Americana de Organizações Camponesas, o Fórum será concluído com a Marcha dos Movimentos Sociais no dia 12 de outubro - data de luta e resistência do povo latino americano e caribenho. Também data das mobilizações continentais do Grito dos Excluídos/as, presente no Fórum com uma delegação representando 20 países, que fará durante a caminhada, uma mística que ressignifica o 12 de outubro como o dia da dignidade, da rebeldia e da esperança dos continentes onde a maioria da população vive na pobreza, com fome, sem saúde, educação, moradia etc.
A marcha, além disso, vai inaugurar a abertura do V Congresso da CLOC, que acontece de 12 a 15 do mesmo mês. Será concluída com ato político na Praça Santo Domingo. Importante ponto histórico da capital do Equador. Também reforçando a articulação dos movimentos sociais, no dia 11 acontecerá a Assembléia dos Movimentos que lançará a Declaração Final dos Movimentos Sociais reunidos em Quito, como resultado dos debates e atividades do IV FSMM.
Unidade de luta
Não se pode deixar de destacar nesta reta final rumo ao IV FSMM o avanço da articulação de agendas e lutas entre os diversos movimentos sociais com o movimento dos migrantes. Há hoje uma clareza por parte dos diversos movimentos da necessidade de somarem esforços e bandeiras de luta contra as diversas formas de exclusão social. O movimento camponês, através do V Congresso da CLOC, que incorporou em sua agenda o IV FSMM deu um grande exemplo de compromisso e cumplicidade com a luta
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dos migrantes. Por outro lado, os migrantes assumem e se comprometem com a luta dos camponeses. Também o diálogo estabelecido entre sociedade civil e autoridades é um avanço que sinaliza para uma parceria entre o movimento social e os poderes estabelecidos na busca de soluções para os diversos problemas enfrentados pelos migrantes. Enfim, nas vésperas do IV FSMM já podemos comemorar este esforço coletivo por caminhos que nos levem a cidadania com dignidade, igualdade e direitos para todas as pessoas.
Luiz Bassegio -Grito dos Excluídos Continental
Fonte: Adital, 26/08/2010.

Incidência Política

(Ministério Público, Polícias, Ministérios, Sindicatos, Associações, Sociedade Civil, Igrejas, Pastoral, Empregadores e Trabalhadores numa única mesa de diálogo e negociação).
Como Igreja, a Pastoral do Migrante sempre vai ser esta presença amiga, fraterna e solidária junto aos migrantes de qualquer nacionalidade. Ao mesmo tempo, queremos continuar sendo uma presença MEDIADORA entre os migrantes e as Instituições para defender a vida e seus direitos.
No dia 26/08/2010, a Pastoral do Migrante foi convidada para participar de uma reunião importante junto ao MPF – Ministério Público Federal. DPF -Defensoria Pública Federal, PF Polícia Federal e Ministério do Trabalho e Emprego de São Paulo.
O Objetivo foi tratar sobre a realidade dos migrantes indocumentados e sobretudo do tratamento desumano e da comunicação ambígua e confusa que existe na Polícia Federal em relação aos seus agentes, autoridades e atendentes, sobre os requisitos para a documentação e sobre a interpretação da lei em relação com o tratado do Mercosul.
A presença e o trabalho da Pastoral nestes momentos ganham autoridade moral para incidir politicamente em importantes decisões em favor da vida e em defesa dos direitos humanos dos migrantes. Os resultados da reunião foram muito positivos.
O Seminário organizado pelos Centros de Estudos das Irmãs e dos Missionários de São Carlos sobre a migração “Latina” no Brasil com um enfoque à Comunidade Boliviana em São Paulo foi um marco neste mês de agosto. A presença de autoridades acadêmicas, públicas e eclesiásticas foi de suma importância para fortalecer e reconhecer o trabalho e a presença da Família Scalabrinina na Igreja e na Sociedade juntos aos migrantes e refugiados.
Depois da assinatura do Pacto para o trabalho decente no setor da costura, está trazendo bons resultados através da fiscalização e das autuações do Ministério do Trabalho e Emprego. Cremos que pela primeira vez, temos conseguido incidir de forma correta para uma ação acertada das autoridades em relação aos trabalhadores da confecção têstil. Estão responsabilizando e autuando aos grandes magazines e aos Fornecedores pela exploração do trabalho de seus trabalhadores irregulares em matéria de legislação trabalhista. Agora estamos no caminho certo e parabéns ao Ministério do Trabalho por esta sua atuação correta e justa. Ao mesmo tempo, também os empregadores (Oficinistas) quando não respeitarem as leis trabalhistas do mesmo modo serão autuados com a força da lei.

Festas Bolivianas

No mês de agosto culminamos também com a realização das festas patronais de Copacabana e Urkupiña e da Independência da Bolívia. Este processo também foi a conclusão de muito trabalho realizado juntos entre PASTORAL, PASSANTES E ASSOCIAÇÃO FOLCLÓRICA BRASIL BOLÍVIA, com seus Fundadores, Organizadores, Diretivos e Delegados. Gostaria de destacar o intenso e árduo trabalho da Associação que esteve se reunindo a cada quinze dias e no final a cada semana para organizar o maior evento da Comunidade Boliviana em São Paulo. Não podemos esquecer também a realização da Festa da NÛSTA (Rainha, simpatia e senhorita) que também foi todo um sucesso e um momento de auto-estima e valorização da mulher com sua beleza física, folclórica e artística como parte importante desta cultura Andina. Esta se realizou nas dependências da Igreja da Paz. No dia 06 o Consulado realizou sua atividade oficial no Memorial e a Comunidade esteve dando abertura da festa com as Visperas ou Verbena na Pastoral e nos dias 07 e 08 realizou-se no Memorial a grande festa de Copacabana e Urkupiña com a presença entre os dois dias de aproximadamente 60 mil pessoas (cálculo feito pelas autoridades locais).
Realmente a festa superou todas as nossas expectativas e foi uma das melhores festas organizadas até hoje da Comunidade Boliviana em São Paulo com o apoio e o acompanhamento da Pastoral do Migrante e a Igreja.
O centro da festa sem dúvida foi a presença da Mãe de Deus e da Pátria com toda a beleza e a diversidade cultural deste povo. As Imagens de Copacabana e de Urkupiña foram acolhidas por uma multidão de devotos, os passantes e os padres, no meio da festa, com as seguintes palavras do Pe. Mário:
ESTÁ LLEGANDO LA VISITA MAS IMPORTANTE DE LA FIESTA
ES LA MADRE DE DIOS Y NUESTRA MADRE QUE NOS VISITA. VAMOS RECEBIRLACOM UN FUEGOS, PAÑUELOS BLANCOS Y UN FUERTE APLAUSO.
Así como nosotros los imigrantes fuimos durante todo el año a la Iglesia N. S. Da Paz -Glicério para visitar y pedir bendiciones a la Virgen Madre de Dios, Ellas La VIRGEN DE COPACABANA Y DE URKUPIÑA NUESTRA MADRE viene a visitarnos aqui en la Fiesta porque la fiesta fue preparada por sus hijos (as) para ella. Por eso estamos aqui hoy para celebrar, agradecer, hacer memoria de nuestras tradiciones, para confirmar la fe, para fortalecer el amor y a esperanza, para asumir más y más el compromiso com la ciudadania plena, com la defensa de la vida de los hermanos (as) Migrantes, para con la integración de los pueblos y culturas, y para con la responsabilidad social.
Estamos aqui hoy para celebrar todo esto y sobretodo para encontrarnos como familia cristiana y como Comunidad Boliviana.
ASÍ COMO LA MADRE PEREGRINA SIEMPRE ESTUVO CON NOSOTROS ACOMPAÑANDONOS DURANTE TODO EL AÑO EN LAS NOVENAS DE FAMILIA Y EM LOS MAS DIFERENTES LOCALES, HOY ESTÁ EN LA FIESTA DESDE TEMPRANO Y AHORA QUEREMOS RECIBIR LAS IMAGENES DE LA MADRE DE DIOS QUE VIENEN DE LA IGLESIA DE LA PAZ AQUI DE SAN PAULO, IGLESIA DE LOS MIGRANTES E DESDE LA SEDE DE LA PASTORAL Y LA CASA DEL MIGRANTE QUE ACOGEN Y RECIBEN MILES Y MILES DE MIGRANTES, DE TODAS LAS CULTURAS Y DE TODO EL MUNDO DURANTE TODO EL AÑO.
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QUEREMOS RECORDAR TAMBIEN QUE EM ESTOS LUGARES ES QUE MUCHOS HIJOS E HIJAS DE LA MADRE DE DIOS BUSCAN AYUDA PARA SUS FAMILIAS, PROTECCION, ORIENTACIÓN PARA SUS DOCUMENTOS, BUSCAN UMA PALABRA DE ANIMO Y DE CONSUELO, BUSCAN ACLARAR DUDAS SOBRE LAS LEYES DE MIGRACIÓN E SOBRE LOS ACUERDOS Y ANISTIAS. ENFIN ES ALLA EN LA PASTORAL Y LA IGLESIA DE LA PAZ QUE MUCHA GENTE Y MUCHOS MIGRANTES PASAN DURANTE EL AÑO PARA REZAR Y PARA CELEBRAR BAUTIZOS, BODAS, CUMPLEAÑOS, PEDIR POR SUS SERES QUERIDOS, …
Y POR TODOS ESTOS MOTIVOS ES QUE HOY, AHORA ESTÁ LLEGANDO LAS IMAGENES DE COPACABANA Y URKUPIÑA COMO NUESTRA MAMITA QUERIDA PARA VISITARNOS Y SALUDARNOS, PERO DE MODO TODO ESPECIAL QUIERE VENIR AQUI EN MEDIO DE NOSOTROS PARA BENDECIRNOS E DARNOS FUERZAS PARA SEGUIR CAMINANDO CON LA FUERZA DE SU HIJO JESUS Y PARA QUE NUNCA DESFALLECEMOS EN EL CAMINO.
ELLA PIDE A CADA UNO DE NOSOTROS QUE SEAMOS SOLIDARIOS Y FRATERNOS ENTRE NOSOTROS Y COM TODOS LOS QUE ENCONTREMOS EM EL CAMINO.
GRACIAS MADRE DE DIOS Y NUESTRA MADRE POR ESTAR AQUI Y POR DARNOS TU HIJO JESUS EL SALVADOR DEL MUNDO Y NUESTRO AMIGO DE CAMINO.
QUEREMOS SEGUIR CONTIGO SIEMPRE Y HASTA EL FIN OBEDIENTES A TU HIJO JESUS, PARA QUE JUNTOS PODAMOS CONTRUIR UN MUNDO MEJOR, MUNDO DE PAZ, DE FRATERNIDAD Y DE JUSTICIA.
Neste contexto de celebração e festa ao mesmo tempo, podemos sentir, perceber e viver na prática como é possível celebrar a VIDA de uma forma integrada e integradora aonde todos como uma só família e numa visão de fé celebramos a vida através da simbologia e da diversidade cultural de um povo que se expressa com o canto, a dança, a gastronomia, a devoção e sobretudo com a fraternidade e a solidariedade da abundante partilha na gratuidade. Tudo isso se pôde sentir e viver neste momento único da grande celebração da vida na caminhada dos migrantes.
Outra dimensão que sempre temos presente para este evento é a VISIBILIDADE da Comunidade Boliviana com toda sua cultura e religiosidade para a sociedade Brasileira, no sentido de buscarmos o respeito e a integração entre os povos. A segurança, a disciplina e a dignidade também são partes dos objetivos da festa. Para alcançar tais objetivos o local do Memorial, as autoridades municipais e consulares foram fundamentais e neste sentido destaco a presença solidária do Vereador Jucelino Gadelha como um amigo e mediador das Comunidades Latinas em São Paulo.
Esta grande realização também foi a coroação de uma caminhada de preparação espiritual com nove encontros com as imagens peregrinas e inúmeras outras novenas de famílias com suas respectivas imagens de N. Senhora, realizadas em famílias, Igrejas e locais comunitários em diferentes bairros da Capital. Tivemos, ao mesmo tempo, muitas celebrações de preparação (recepción) dos diferentes grupos folclóricos e Fraternidades (morenadas) para suas respectivas festas de grupo. Cada Morenada e cada grupo também celebra e realiza sua festa, assim como cada novena de família faz o mesmo. A referência e a coordenação de todo esse processo foi a Igreja Pessoal dos Fiéis Latino Americanos com sede na Paróquia N. S. Da Paz.
Só temos que agradecer e louvar a Deus por tudo isso. Sinto cada vez mais que a Mãe de Deus é quem une os povos, as culturas e as pessoas em torno ao seu Filho Jesus, Salvador do Mundo. É o grande motivo de toda celebração e do nosso trabalho, religioso, social e cultural, sem nunca descuidar da dimensão política para incidir junto aos governos e Instituições Internacionais para que os migrantes sejam incluídos em políticas públicas e sociais e tenham leis de migrações mais justas e humanas. Porque, cremos que nenhum ser humano é ilegal aonde quer que viva e que o sonho não tem fronteiras e juntos temos que derrubar todos os muros culturais e psicológicos, políticos e sociais que matam, separam e dividem os povos e as pessoas entre si.
A Igreja da Paz esteve celebrando e festejando no último domingo do mês de Agosto a Padroeira da América Latina e das Filipinas: Santa Rosa de Lima. Na ocasião muitos irmãos (ãs) Peruanos e Latinos em geral estiveram presentes na celebração e no almoço fraterno organizado pela coordenação da Comunidade Peruana. Um grupo de estudantes do CESEP de vários Países estiveram celebrando conosco e dando seu testemunho. A todos o nosso muito obrigado e que Santa Rosa acompanhe e abençoe a todos.
Celebramos também a festa de Assunção lembrando a Padroeira da capital do Paraguai, com a participação de muitos latino americanos e com uma tarde cultural.

Festa Chilena

No último domingo de julho foi coroado todo um trabalho realizado e construído com a comunidade Chilena na realização da festa da Padroeira Nacional N. S. Do Carmo (Durante nove meses foram celebradas novenas em preparação à festa). Foi um momento muito importante e de muita comunhão para a Comunidade Chilena em São Paulo, pois estava passando por um momento difícil e a festa junto com a fé e a cultura serviu para unir e para animar a todos os grupos organizados. Neste ano tivemos muitos rostos novos participando da mesma e também conseguimos uma linda integração entre os demais Países com a participação de outros Países Latino americanos. A integração e a convivência fraterna entre culturas diferentes fortalecem a verdadeira integração que queremos. Durante o dia mais de duas mil pessoas estiveram participando deste momento celebrativo.
Outro momento importante foi a celebração com autoridades Consulares e Imigrantes Chilenos em que lembramos e rezamos pelas famílias e pessoas que perderam seus seres queridos nos dois terremotos do Chile e do Haiti. Foi realizada também uma grande campanha solidária pela UNECHILE E ASSISTÊNCIA SOCIAL CHILENA com o apoio logístico da Pastoral para os danificados (Roupa, dinheiro e alimentos). Foi, portanto, um momento celebrativo carregado de sentido com base nos gestos concretos junto com as demais comunidades e grupos que foram sensíveis a dor e solidários com o próximo.
Temos muito claro que entre a fé, a cultura e o cotidiano existe uma íntima relação e uma total necessidade de caminhar juntos para fortalecer e defender a vida nas suas várias dimensões e níveis da existência. Tudo isso, os migrantes ajudam-nos a entender, a viver e a construir. “Diferentes sim, desiguais não” e a vida sempre em primeiro lugar.
Também se realizou na Pastoral o 4º Campeonato nacional de dança “Cueca” Chilena no Brasil, aonde a dupla vencedora irá participar do Campeonato Mundial. (É bom lembrar que nos últimos dois anos a Comunidade Chilena da Igreja da Paz foi Campeã mundial). Realizou-se também no mês de agosto o 6º Festival Folclórico Chileno no Memorial da América Latina com beleza, arte e religiosidade. Toda essa organização cultural, religiosa e política tem suas raízes na Pastoral do Migrante da Igreja da Paz e isso nos coloca em sintonia com o sonho de Scalabrini.

Quermesse da Paz

Buscando construir e formar cada dia mais a Comunidade Cristã, as festas juninas na Igreja da Paz são um evento único que conseguem reunir, e integrar agentes, coordenadores e voluntários de todas as comunidades que fazem parte das Igrejas Pessoais e Territorial N. S. Da Paz, ou seja: as comunidades Hispanas, Brasileira e Italiana e a Casa do Migrante que também se envolve e se compromete neste trabalho. É um momento de muito trabalho, de muita gratuidade e sobretudo de muita fé numa celebração da vida e da cultura popular com música, bailes, comidas, pescaria, bingo..., aonde mais de 150 pessoas de uma forma totalmente voluntaria e gratuita nos ajudam a construir e a realizar este momento com o objetivo de angariar fundos para a manutenção da Missão Scalabriniana N. S. Da Paz.
Além do econômico que é muito importante, resgata-se a valorização da cultura popular e o espírito de comunidade e da gratuidade num espaço e num tempo em que tudo e todos valorizam muito pouco estes valores e estas dimensões da vida. Vive-se, na prática, a INTEGRAÇÃO tão falada e divulgada aos quatro ventos nos discursos oficiais e nos foros e Seminários Internacionais. Aqui na Igreja da Paz, a Missão Scalabriniana vive na prática esta realidade. Não é suficiente a TOLERÂNCIA; É NECESSÁRIA A INTER-RELAÇÃO NUMA CONVIVÊNCIA FRATERNA E SOLIDÁRIA ENTRE OS POVOS, CULTURAS E RELIGIÕES. É POSSÍVEL VIVER ESTA REALIDADE. (Podemos afirmar que os cinco Continentes estavam presentes na organização e na celebração da festa Junina) “a melhor quermesse da América Latina”. (Pe. Mário Geremia)

Quermesse da Paz

Buscando construir e formar cada dia mais a Comunidade Cristã, as festas juninas na Igreja da Paz são um evento único que conseguem reunir, e integrar agentes, coordenadores e voluntários de todas as comunidades que fazem parte das Igrejas Pessoais e Territorial N. S. Da Paz, ou seja: as comunidades Hispanas, Brasileira e Italiana e a Casa do Migrante que também se envolve e se compromete neste trabalho. É um momento de muito trabalho, de muita gratuidade e sobretudo de muita fé numa celebração da vida e da cultura popular com música, bailes, comidas, pescaria, bingo..., aonde mais de 150 pessoas de uma forma totalmente voluntaria e gratuita nos ajudam a construir e a realizar este momento com o objetivo de angariar fundos para a manutenção da Missão Scalabriniana N. S. Da Paz.
Além do econômico que é muito importante, resgata-se a valorização da cultura popular e o espírito de comunidade e da gratuidade num espaço e num tempo em que tudo e todos valorizam muito pouco estes valores e estas dimensões da vida. Vive-se, na prática, a INTEGRAÇÃO tão falada e divulgada aos quatro ventos nos discursos oficiais e nos foros e Seminários Internacionais. Aqui na Igreja da Paz, a Missão Scalabriniana vive na prática esta realidade. Não é suficiente a TOLERÂNCIA; É NECESSÁRIA A INTER-RELAÇÃO NUMA CONVIVÊNCIA FRATERNA E SOLIDÁRIA ENTRE OS POVOS, CULTURAS E RELIGIÕES. É POSSÍVEL VIVER ESTA REALIDADE. (Podemos afirmar que os cinco Continentes estavam presentes na organização e na celebração da festa Junina) “a melhor quermesse da América Latina”. (Pe. Mário Geremia)

Semana do Migrante

Em comunhão com toda a Igreja no Brasil e sob a coordenação do SPM Serviço Pastoral dos Migrantes estivemos comprometidos e unidos na realização da 25ª Semana do Migrante. Juntamente com a Semana celebrativa foi dado inicio a celebração dos 25 anos de vida e história do SPM com o lema: Por uma economia a serviço da vida. A Pastoral fez ampla divulgação em rádios, e alguns canais de televisão, ao mesmo tempo damos a abertura ao ano jubilar com uma celebração de abertura da semana do migrante na Igreja N. S. Da Paz com a presença de D. Demétrio Valentini (presidente do SPM) e concluímos na Catedral da Sé com a presença do Cardeal D. Odilo. Os materiais foram divulgados em várias paróquias e comunidades e sobretudo no setor Catedral. O
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programa da Tribuna Independente da Rede Vida foi talvez o evento mais importante da semana a nível nacional.

Migrantes Brasileiros são regularizados no Paraguai

No dia 13 de agosto de 2010, no Centro de Tradições Gaúchas (CTG), da cidade de Santa Rita del Monday, região de Alto Paraná, Paraguai, imigrantes brasileiros receberam sua documentação com base no Acordo de Regularização Migratória do MERCOSUL. Ao todo foram mais de 4 mil imigrantes, dentre os quais brasileiros e brasileiras de diversos estados do Brasil, Minas Gerais, São Paulo, Rio Grande do Sul e Paraná. Dentre as pessoas que receberam sua documentação chamou atenção o fato de que muitos estavam há mais de 20 anos em situação irregular no Paraguai. O emocionante ato de entrega de documentos contou com a presença de representantes da Polícia Federal brasileira, do Cônsul Geral de Ciudad del Este, do Prefeito de Santa Rita, representante da Organização Internacional das Migrações (OIM), Departamento de Estrangeiros do Paraguai e do Ministro do Interior Rafael Filizola. Sem dúvida, o trabalho liderado por Julio Benitez, Diretor de Migrações do Paraguai, contou com apoio desde o início do governo brasileiro, bem como da OIM e é pioneiro no país, principalmente por que vai continuar em várias cidades onde haja grande concentração de imigrantes brasileiros. Paulo Illes – CAMI/SPM

Reunião do Conselho Brasileiro do Mercosul Social e Participativo - Brasília DF09/08/2010

A primeira parte da reunião, pela manhã, com a presença de representantes de entidades, Ministério das Relações Exteriores, Justiça e do Trabalho do Brasil, foram levantadas as prioridades referentes às políticas de migração:
1) Ações contra a burocratização e melhoria na qualidade no atendimento ao migrante (excesso de burocracia, filas, precariedade e imprecisão nas informações sobre documentação, demora na emissão do RNE (carteira de estrangeiro), etc.)
2) Combate à criminalização das migrações a partir de políticas migratórias que se orientem pelo viés do Direitos Humanos em que a Polícia Federal deixe de ser o órgão responsável pelo atendimento dos migrantes.
3) Importância de ratificação, pelo Brasil, da Convenção Internacional sobre a Proteção dos Direitos de Todos os Trabalhadores Migrantes e Membros de suas Famílias.
4) Relação mais estreita do Conselho Brasileiro do Mercosul Social e Participativo com as questões e políticas relacionadas às migrações e sua constituição como espaço de acompanhamento e informação sobre essas questões e políticas.
5) Formulação, por parte do governo federal, de estratégias de informação e comunicação sobre os direitos dos migrantes relacionada à livre circulação no Mercosul, etc.
6) Materialização na prática do migrantes dos acordos firmados no âmbito do Mercosul, como os de livre circulação.
7) Ampliação dos direitos educacionais dos migrantes, como aqueles relacionadas ao acesso de filhos de migrantes ao sistema público de ensino e às convalidações de diplomas de nível superior.
8) Ações e políticas contra o tráfico de pessoas.
À tarde, no encontro com representantes do Ministério da Justiça, as duas intervenções ficaram por conta de Aldo Candido, Coordenador Geral de Imigração e Isaura Mirada, diretora do Departamento de Estrangeiros do Ministério das Relações Exteriores, da Justiça e do Trabalho do Brasil, que relataram o que o Conselho Brasileiro do Mercosul Social e Participativo está fazendo em prol das migrações. Eles ouviram e debateram as prioridades levantadas pela manhã, respondendo as perguntas formuladas pelos representantes das entidades. Os informes e debates giraram em torno das seguintes questões:
1. Inauguração da Casa do Migrante do Brasil do Japão, que já realizou 4.300 atendimentos,
Existência da Casa do Migrante brasileiros em Foz do Iguaçu, que funciona há dois anos, e vem realizando atendimento a migrantes constituídos predominantemente por trabalhadoras domésticas e com escolaridade primária.
2. Duas resoluções que visam a facilitar a vinda ao Brasil de trabalhadores do Mercosul e da América do Sul em geral. a) Trabalhadores imigrantes sul americanos que venham atuar em empresas brasileiras e que não precisarão mais comprovar escolaridade e experiência profissional e b) Redução do valor de 150 mil exigido pela legislação para invesridores sul-americanos que queiram se estabelecer no Brasil com base em atividade produtiva.
3. Elaboração (em curso), pelo governo brasileiro, de uma cartilha de orientação sobre “como trabalhar no Mercosul”.
4. Acordos bilaterais têm funcionado quando alguns dos membros do Mercosul e Estados Associados não firmam algum acordo no âmbito do bloco. A Argentina tem sido o principal país parceiro do Brasil em acordos bilaterais.
5. Paraguai é o país com maior resistência em ratificar cláusulas relacionadas ao livre trânsito no âmbito do Mercosul.
6. Dificuldade de regularização de brasileiros na Bolívia.
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Instalação de entradas para nacionais do Mercosul em aeroportos. No Brasil, estão instalados nos aeroportos de Guarulhos, em São Paulo, e Galelão, no Rio de Janeiro.
7. Extensão do prazo máximo de 90 para 180 dias de visto de turista para nacionais do Mercosul.
Plano de luta contra tráfico de pessoas e migrantes,
8. A Declaração de Santiago assinada por todos os ministros do interior do MERCOSUL, em maio de 2004, é o principal instrumento sobre Direitos Humanos para os migrantes.
9. Acordo sobre tradução de documentos administrativos ratificados por Brasil, Argentina e Chile, vigora nesses três países e isenta de tradução documentos administrativos para efeitos migratórios.
10. A Diretora do Departamento do Estrangeiro fez três ressalvas à ratificação do Brasil à Convenção Internacional sobre a Proteção dos Direitos de Todos os Trabalhadores Migrantes e Membros de suas Famílias que estão sendo analisadas pelo Ministério da Justiça.
Denise Cogo / Espaço Sem Fronteiras

CAMI participa de oficina e encontro internacional sobre ferramenta para trabalho em direitos humanos e contra o tráfico de pessoas

Nos dias 10 a 12 de junho de 2010, as organizações que compõem a articulação Trajeto Vinculando e Aprendendo sobre Tráfico de Pessoas, reuniram-se na cidade do Rio de Janeiro para participar de uma oficina de teste de uma ferramenta chamada “Instrumento sobre Direitos Humanos e Tráfico de Pessoas”. O Trajeto é composto por: CAMI/SP, ASBRAD/SP, Projeto Trama/RJ, IBISS-CO/MS, CHAME/BA, Coletivo Leila Diniz/RN, SODIREITOS/PA, CEDECA-Emaús/PA, Cáritas/AM (ausente).
O objetivo do encontro era estudar a ferramenta, em uma versão simplificada, para avaliar seu uso na elaboração de recomendações para o Governo nas ações de lobby e advocacy em campanhas nacionais e internacionais. Ela pode contribuir ainda para inter-relacionar políticas nacionais contra o tráfico de pessoas com os compromissos do Governo. Discutiu-se a não inclusão do Plano Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas (PNETP) nos mecanismos de monitoramento do governo já existentes (e junto à sociedade civil); a falta de orçamento nas ações governamentais no enfrentamento ao tráfico de pessoas; e a fragmentação e diferenciação existentes na legislação penal entre o tráfico de pessoas e o trabalho análogo a escravidão.
Para apresentar os resultados da oficina e aprimorar a ferramenta, um seminário em Praga, na República Tcheca, foi feito com os outros países que fizeram este teste de 21 a 25 de junho. O Centro de Apoio ao Migrante foi escolhido para representar o Trajeto. O encontro foi aberto com o compartilhamento de experiências das entidades que utilizaram a ferramenta, seguido de debate com especialistas em Direitos Humanos sobre o que se tem feito na União Européia para trabalhar com o Tráfico de Pessoas. Também foi apresentada uma visão geral sobre a ferramenta em questão, discutindo-se estratégias para aperfeiçoá-la.
O Centro de Apoio ao Migrante acredita que o Trajeto ganhou ao fazer a oficina uma maior capacidade de fortalecer o seu trabalho de monitoramento e de incidência política, através de ações de lobby e advocacy.
Equipe do CAMI – São Paulo-SP

CAMI celebra cinco anos de atuação junto aos imigrantes

Num domingo, dia 22/08, o Centro de Apoio ao Migrante (CAMI) comemorou, na Praça Kantuta, seus 5 anos de existência. O local escolhido para a festa, um conhecido ponto de encontro da comunidade boliviana em São Paulo, localizado no bairro do Pari, esteve ainda mais colorido com a presença de grupos de dança e música de diversas nacionalidades,como: paraguaios, bolivianos, colombianos, gregos, peruanos, entre outros.
Pelo palco passaram, além das diversas apresentações culturais, representantes de várias entidades ligadas à comunidade imigrante, como o Embaixador da Bolívia no Brasil, Gringo Gonzales e o Cônsul do Peru, Jaime Stiglich. Ambos parabenizaram fortemente o trabalho desenvolvido pelo Centro de Apoio ao Migrante e reafirmaram a disposição em contribuir para que os imigrantes bolivianos e peruanos possam viver com dignidade no Brasil.
Foram marcantes também depoimentos de alguns imigrantes presentes. A Sra. Esther Colque, boliviana, falou sobre a importância do trabalho de apoio para a regularização migratória realizado pelo CAMI, destacando em especial a dedicada atuação de seu Coordenador, Paulo Illes. Leonor Villar, um jovem imigrante paraguaio, representante da Associação JAPAYKE, destacou a participação ativa do CAMI junto com a comunidade na discussão e proposição de políticas migratórias que garantam o respeito aos direitos humanos dos imigrantes e desejou mais 200 anos de vida ao CAMI.
O Evento teve também a entrega de certificados aos jovens e crianças que participaram dos cursos de informática, português e cidadania oferecidos pelo Centro de Apoio ao Migrante, durante o 1º Semestre de 2010.
O Centro de Apoio ao Migrante – CAMI, uma instituição sem fins lucrativos fundada pelo Serviço Pastoral dos Migrantes, atua na promoção e defesa dos direitos humanos dos migrantes, através da orientação jurídica especializada, atendimento para a regularização migratória, promoção cultural e atividades de formação para a cidadania, inclusão digital e social.

SPM receberá capoeiristas da Bolívia

Em novembro deste ano, um grupo de capoeiristas do grupo Pequenos Mandigueiros, de La Paz, Bolivia, virá a São Paulo participar de um encontro com o grupo de Capoeira Moleque Atrevido, do bairro Rincão, que recebe apoio do SPM. O intercâmbio cultural entre os capoeiristas dos dois países acontece desde 2007, quando uma equipe brasileira visitou La Paz; na cidade existem sete grupos de capoeira. O Mestre Magrão está providenciando estadia para cerca de dez jovens capoeiristas bolivianos.
Equipe SPM – São Paulo-SP

Massacre de Imigrantes na Fronteira México

Militares mexicanos encontraram 72 corpos em uma fazenda no Estado de Tamaulipas, no noroeste do país, no último 25 de agosto. Os corpos foram encontrados depois que militares trocaram tiros com homens, suspeitos de pertencer a um cartel do tráfico de drogas. Três atiradores e um militar foram mortos no tiroteio. Segundo o depoimento de um sobrevivente equatoriano, os 72 imigrantes indocumentados tentavam cruzar a fronteira dos Estados Unidos quando foram sequestrados por um grupo armado ligado ao tráfico de drogas. Os homens, que disseram pertencer ao grupo Los Zetas, teriam decidido matar os imigrantes após eles terem se recusado a trabalhar para sua organização. Os corpos de 58 homens e 14 mulheres foram encontrados em local próximo a San Fernando. Soldados invadiram o local em uma operação acompanhada por um ataque aéreo. Houve troca de tiros com suspeitos e três atiradores foram mortos, além de um militar. Uma pessoa foi presa. Além dos corpos, também foram encontrados armas, munições e uniformes. Quatro caminhões também foram apreendidos, um deles com placa clonada do Ministério da Defesa.
O Estado de Tamaulipas é um dos mais afetados pela violência do narcotráfico, e é palco de uma disputa entre os cartéis de Zeta e do Golfo, que abastecem o mercado de drogas dos EUA. Nos últimos meses, mais valas comuns têm sido descobertas no México. Em junho, a polícia achou 55 corpos em uma mina abandonada próximo à cidade de Taxco, no Estado de Guerrero. Nos últimos quatro anos, mais de 28 mil pessoas já morreram no México em consequência da guerra contra o narcotráfico.
As fotografias do local da chacina, uma fazenda na cidade de Reynosa, mostram que as vítimas tiveram olhos vendados, bocas e mãos atadas. Os imigrantes foram colocados em fila, contra a parede de um galpão, onde foram mortos a tiros.
O Itamaraty confirmou que Juliard Aires Fernandes, de 20 anos, natural de Santa Efigênia de Minas, e Hermínio Cardoso dos Santos, de 24, morador de Sardoá, ambos brasileiros, estavam entre os mortos por integrantes do cartel de drogas dos Zetas, que controla a região.
Dias depois do episódio, o senado mexicano decidiu criar uma comissão para revisar as leis migratórias e trabalhar em uma estratégia que "combata a indolência, a corrupção e a cumplicidade das pessoas que têm como responsabilidade coordenar a migração".
Durante o primeiro dia de sessões no segundo período da 61ª legislatura, senadores de diversas correntes acertaram a criação de uma comissão para analisar os direitos humanos e trabalhistas dos imigrantes, principalmente latino-americanos, que atravessam a fronteira sul do México. Decidiram também pedir um relatório às autoridades mexicanas sobre a política migratória do país. O governo mexicano é acusado de ignorar relatórios de organismos mundiais e organizações da sociedade civil sobre a questão migratória na fronteira.
Encerramos aqui com a palavra do Pe. Alfredo Gonçalves: “Em termos evangélicos, não podemos esquecer que Jesus nasce e morre fora dos muros da cidade, respectivamente em Belém e em Jerusalém. „Não havia lugar para eles‟, diz o evangelista. A Sagrada Família passa pela experiência da migração, de cruzar e recruzar a fronteira, do não lugar. Conclui-se que o Reino de Deus, o novo lugar, mergulha suas raízes nesse espaço ambíguo do „não lugar como sonho e promessa de novo lugar‟ (Lc 2,7). A encarnação do Verbo e a morte na cruz, ocorridas em solo apátrida, precedem a Ressurreição, abertura para a pátria definitiva”.